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Vila Egípcia usa gás de cozinha de biomassa = US$ 700/resid


Climaco Cezar de Souza

Vila Egípcia usa gás de cozinha de biomassa; investimentos de apenas US$ 700/residência

Síntese, Analise e tradução de importante Diagnostico de 2009  por Engenheiros do “National Research Center” do Cairo – Egito.

O diagnóstico completo do link em inglês ao final - na forma de coletânea tipo um manual - apresenta muitos dados, figuras e projetos para construção, instalação e gestão de pequena a média planta singaseificadora de biomassas locais (resíduos agrícolas) em vila no Egito (também, possível com lixo urbano bruto, fezes animais, sobras de alimentos, podas de gramados e outros resíduos, até ditos como “sujos”, se possível com até 15% de plásticos moles e/ou tiras de pneus velhos).

O diferencial estratégico deste diagnostico é que o singás agora é usado - não para ser queimado e gerar eletricidade ou aquecimento/vapor industrial local ou regional -, mas para consumo local como gás de cozinha, em substituição total ao GLP ou ao gás natural e com investimentos muito baixos (média de apenas US$ 700/residência), o que pode (ou poderia) ser um ótimo exemplo para o Brasil e demais países da América do Sul e América Central.

Também outro diferencial é que o singás é produzido, não de forma continua, mas em 02 bateladas diárias, sendo 50% estocado para queimas noturnas e/ou em horários com maiores demandas, inclusive para aquecer água sem precisar de energia elétrica. Em geral, na maioria dos países da Asia, Europa e EUA, o singás é produzido e usado continuadamente e pouco estocado. No Brasil, ainda quase não temos planta real ou nenhuma produção operacional de singás, embora seja uma ótima e muito barata opção de destinação, realmente sustentável, para substituir os aterros sanitários atuais e futuros – caríssimos, problemáticos, com curta vida útil e que somente produzem despesas e nada de receitas - mais os famosos biodigestores - que ocupam grandes áreas, também são problemáticos e em que os órgãos ambientais exigem caríssimos e complicados filtros para purificar o metano antes da sua queima.

Como já descrevi em outros artigos, no Japão, 74% da energia dos RSU (lixo solido urbano) já é recuperada, apenas via produção de singás (já há diversas plantas imensas compradas pelas Prefeituras e operadas pelos fabricantes); na Escandinávia, 53%; na Suécia, 47%; no Reino Unido, 38%; na Alemanha, 36%; na França, 35% e nos EUA apenas 12%. Existem hoje umas 200 plantas operantes, a maioria para Prefeituras locais e/ou para o Governo Federal, e produzindo muita eletricidade com singás de lixo e biomassas, a maioria construída por empresas gigantes (operada de forma até sigilosa e estrategicamente pela própria empresa, pois há muito segredo industrial) do Japão, EUA, Alemanha e Inglaterra e/ou por muitas pequenas na China e Índia. Obviamente, o Brasil não entra nesta lista, embora a correta destinação dos lixos urbanos e dos resíduos tenha que ser encarada, em algum momento, como fundamental para a real sustentabilidade e não apenas como discursos e/ou inserções “ibopeanas” nos jornais televisivos. Fato é que desde o etanol e o biodiesel, nossa noção de sustentabilidade parou no tempo (até porque estes combustíveis são renováveis, mas não sustentáveis, o que é muito diferente) e agora quase que só nos preocupamos – inclusive Governos, ONG, empresários e até a cátedra - com os desmates ilegais mais com os incêndios e os garimpos ilegais na Amazonia e outras florestas e biomas, enquanto os legais destroem da mesma forma ou bem mais – vide caso de Mariana - MG).

Neste caso do Egito, trata-se de vila com 50 residências que produz e usa seu próprio gás de cozinha, via singaseificação de resíduos agrícolas (biomassa) com investimentos de US$ 700/residência. A demanda e a produção de singás foi de 500 m3/dia, equivalente a 60 kg GLP/LPG propano dia = 1,2 kg propano dia/família (sendo 200 m3 estocáveis) e o valor total investido equivaleu a US$ 35,0 mil, igual a 290 mil libras egípcias de 2009 (vide pg. 55 e 56). A planta era operada por apenas 2 pessoas.

Para os autores, somente a singaseificação (combustão parcial, isto é, incompleta de biomassa, lixo e fezes etc..) pode extrair até 60-90% da energia armazenada na biomassa. Até biodiesel, metanol e plasma térmico podem ser extraídos das biomassas, lixos e fezes através de uma boa singaseificação.

Outros autores afirmam que somente produzindo eletricidade própria - local, coletiva ou regional - com singás de lixo e demais, consegue-se reduzir entre 70% e 90% o custo com eletricidade familiar ou condominial ou industrial (LCOE).

Pensemos na gigante transformação, desenvolvimento, maior qualidade de vida, redução das migrações e na sustentabilidade real que teríamos no Brasil como a criação, destinação de recursos e implementação de um programa sério, simples, desburocratizado - inclusive para hibridismos com outras fontes baratas também locais desde que realmente eficientes, não enganadoras e também sustentáveis - e com incentivos reais aos pequenos fabricantes/instaladores/gestores (como na China e na Índia, no Egito, Turquia etc..) e aos órgãos/prefeituras demandantes no Brasil para se instalar e gerir em milhares de vilas e/ou aldeias e/ou cidades pobres etc... Além de poder usar o singás como gás de cozinha (reduzindo os desmatamentos para lenhas mais seu custo final, vez que não haveria custos com fretes) poderíamos ter também geração elétrica local e/ou produção de aquecimento ou de vapor industrial, tudo.

Vide em inglês em: https://nitsri.ac.in/Department/Chemical%20Engineering/BRTL6.pdf

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