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Você não precisa de mais posts e sim de um texto melhor


FLAVIA MACEDO

Sejam bem-vindos a mais uma coluna da Flá do Agro.

Se você acha que copywriting é só texto bonito para vender curso, deixa eu te contar uma coisa com carinho: todo mundo que se comunica já faz copywriting. Alguns só fazem sem saber e sem resultado.

Eu trabalho com comunicação no agro há mais de dez anos e posso afirmar com tranquilidade: não é o drone, não é o filtro, não é o vídeo em 4K que faz alguém parar o dedo no scroll. É a mensagem. É o texto. É uma história bem contada.

Na prática, copywriting nada mais é do que escrever com intenção quando o objetivo é conectar e crescer no perfil e usar a persuasão quando o objetivo é vender algo. É sair do vou postar qualquer coisa para o que eu quero que a pessoa entenda, sinta e faça depois de consumir esse conteúdo. Parece simples. Na verdade, até é simples, mas não é fácil.

A gente vive na era do excesso. Informação sobrando, atenção escassa. Todo mundo quer falar, poucos conseguem ser ouvidos.

No agro, isso também acontece. Uma determinada empresa quer gritar dizendo que a sua análise de dados para agricultura de precisão é a melhor do mercado. Outra companhia que projetou uma plataforma digital que usa inteligência artificial para reconhecer mais de 50 tipos de doenças pela coloração da folha quer encontrar um jeito de mostrar esse diferencial.

Contudo, a frase é sempre a mesma: mas, poxa, eu só tenho 40 segundos para falar tudo isso em um vídeo. Dito isso, como achar um caminho para realmente se destacar na primeira etapa do funil? Como ultrapassar os três segundos no limbo infinito de conteúdos nas redes sociais? É aí que entra o papel do bom texto: traduzir.

A copy serve, neste caso, para traduzir ciência para a vida real. Traduzir tecnologia para qual é o benefício. Traduzir o produto e projetar isso em uma história, mas sem parecer uma venda de panfleto.

Veja bem. Ninguém acorda pensando hoje eu quero aprender sobre uma nova molécula. A pessoa acorda pensando como eu resolvo esse problema na minha lavoura. E é aí que a escrita persuasiva faz o seu trabalho silencioso.

Eu costumo brincar que copywriting é tipo cerca elétrica: se for bem feita, evita que o gado fuja. Se for mal feita, dá choque na pessoa errada.

E não adianta querer ser complexo para parecer inteligente. No digital, a complexidade espanta. Clareza conecta. Um bom conteúdo não é aquele que impressiona o colega de profissão, é aquele que o público entende sem precisar ficar revendo. É simples e fácil de compreender.

Outro ponto importante é que copywriting anda de mãos dadas com storytelling. Não existe texto persuasivo sem história. Desde os livros narrados na Bíblia até o Instagram, o ser humano aprende, confia e decide por meio de narrativas. É por isso que aquele post técnico que vira referência quase sempre tem alguém contando como foi, o que mudou e por que isso importa.

No agro, isso fica ainda mais evidente. Quando eu falo de sementes, máquinas, biológicos ou manejo, não estou falando de coisas. Estou falando de decisões que envolvem risco, investimento e futuro. Texto é a ponte entre quem produz tecnologia e quem precisa confiar nela.

E olha que curioso: quanto mais o conteúdo fica visual, mais o texto vira infraestrutura. Não existe vídeo que performe sem uma boa primeira frase, que eu chamo de conector. Não existe marca forte sem narrativa consistente. O texto pode até não aparecer, mas ele sempre está ali, sustentando tudo.

No fim das contas, copywriting não é sobre vender mais por vender. É sobre comunicar melhor para gerar valor real. É fazer o público pensar isso faz sentido para mim. E quando faz sentido, a conversão acontece como consequência, não como imposição.

Como eu sempre gosto de repetir, você precisa aparecer sempre e gerar valor para que, quando o cliente precisar do que você vende, você seja a escolha natural.

Então, da próxima vez que você for criar conteúdo, faça um teste simples. Se tirar a legenda, o vídeo se sustenta? Se tirar o produto, a história ainda se conecta? Se a resposta for não, talvez o problema não seja o algoritmo. Talvez seja só falta de copy.

Mini bio
Flávia Macedo é jornalista especializada em agronegócio e marketing digital, com mais de dez anos de experiência em comunicação no setor. Fundadora do perfil Flá do Agro, atua como comunicadora e estrategista em marketing digital, mostrando como criatividade e posicionamento podem gerar valor e vendas para o agronegócio. Foi âncora e repórter do Canal Rural e atuou também como repórter especializada da Revista Forbes, na editoria Forbes Agro. Atualmente é repórter correspondente na região Sudeste para o Portal Agrolink.

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