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Compromisso com a sustentabilidade



Manoel Carlos Ortolan

Vinte e três associações de fornecedores independentes de cana vinculadas à Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) receberam o certificado de adesão ao Protocolo Agroambiental na última quinta-feira, em solenidade que reuniu, no Teatro Municipal de Sertãozinho, dois secretários de Estado João Sampaio (Agricultura e Abastecimento) e Francisco Graziano (Meio Ambiente) o ex-ministro Roberto Rodrigues, presidentes das associações, representantes de entidades.
O teatro ficou sem cadeiras para tanta gente e como bem observou o prefeito de Sertãozinho, José Alberto Gimenez, auditório lotado é sinal de que o setor não está bem. E é exatamente pelo fato de o agronegócio da cana passar por uma crise de preços invisível aos olhos de fora da cadeia, mas fortemente amargada pelos produtores de matéria-prima, açúcar e álcool, que a adesão dos fornecedores ganha um valor diferenciado.

O Protocolo Agroambiental é um acordo com o governo do Estado e estabelece, entre outras medidas, a antecipação do prazo para a eliminação da queima da palha da cana de 2021 para 2014 para as áreas mecanizáveis e de 2031 para 2017 para as áreas não-mecanizáveis, onde a declividade do terreno impede a passagem das colhedoras. Os prazos anteriores estão definidos em legislação de 2002.

A adesão ao protocolo é voluntária. Assina quem quer. A Unica, que representa as indústrias, aderiu ao protocolo em junho do ano passado. A Orplana assinou o documento em março deste ano e nesta semana os certificados foram entregues. E a solenidade no Teatro Municipal de Sertãozinho pode parecer uma mera formalidade, mas tem um grande significado para os fornecedores de cana.

A adesão dessas associações, que representam 13 mil fornecedores de matéria-prima, é, sobretudo, uma demonstração do comprometimento desse elo a uma causa maior, que é a sustentabilidade do setor. Aqueles que criticam os produtores pelas queimadas talvez não saibam que os fornecedores independentes são uma maioria de pequenos e médios agricultores, que têm na sua cana sua fonte de renda, senão a única, estão no setor há várias gerações e envolvem toda a família na atividade no campo.

A adesão ao Protocolo exigirá um esforço especial por parte deles, já que a mecanização implica em investimentos consideráveis em tecnologia, que acabam aumentando os já elevados custos de produção. E estes fornecedores estão assumindo o compromisso num momento extremamente delicado, quando, há duas safras, a renda obtida com a cana sequer cobre o que foi investido para produzi-la.

Assim, temos de ressaltar a importância dessa iniciativa, do compromisso que os fornecedores assumiram e do esforço que estão se propondo a fazer para que o setor sucroalcooleiro brasileiro seja reconhecido em todo o mundo pela busca do equilíbrio econômico, social e ambiental. Para o secretário de Agricultura, João Sampaio, a adesão ao protocolo é uma demonstração de que os fornecedores estão sintonizados com que o mercado mundial quer e se hoje isso representa custo, amanhã poderá se reverter em renda. Os produtores de cana estão apostando nisso e fazendo a sua parte.

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