
Apesar das expectativas positivas em torno dos biocombustíveis, especialmente do etanol brasileiro, a safra começou amarga para os produtores independentes de cana. Pior até do que se imaginava por conta da influência de alguns fatores que anteriormente não eram considerados na hora de estimar as contas. Se a agricultura já é uma atividade fortemente influenciada por fatores climáticos, depender das oscilações do mercado agrava ainda mais a situação do produtor de cana.
Para a maioria das pessoas, cujo contato com o setor se dá nas bombas de combustíveis, o aumento nos preços do álcool pode gerar a impressão de que a cadeia produtiva nunca esteve tão bem. No entanto, o produtor de matéria-prima, que é o primeiro elo do agronegócio da cana, está passando por maus pedaços. Já a safra anterior foi de preços ruins - a tonelada da cana ficou em R$ 35,42, enquanto o custo de produção, R$ 44,74 - e neste novo ciclo despencaram ainda mais.
No primeiro mês da safra 2007/08, o preço do Kg do ATR (Açúcar Total Recuperável) fechou em R$ 0,3217. Já neste ciclo ficou em R$ 0,2538. Se observarmos as dez últimas safras, veremos que o fornecedor independente conseguir respirar com um certo alívio em poucas delas. Nos sete primeiros ciclos desse período, a renda obtida com a cana ficou abaixo ou praticamente empatada com os custos para produzi-la. Só nas safras 2005/06 e 2006/07 é que a situação se inverteu positivamente para o produtor - quando a tonelada da cana ficou em R$ 44,94 e R$ 51,39 e os custos de produção em R$ 40,38 e R$ 44,02, respectivamente -, mas voltou a piorar no ciclo passado.
No entanto, há de se considerar alguns aspectos: os dois períodos considerados bons coincidiram com o início do processo de crescimento do setor, justamente quando os produtores investiram na atividade, expandindo a área e buscando tecnologias. Ou seja, o fornecedor apostou em boas safras futuras para amortizar o que foi investido e se deparou com um cenário diverso, ainda agravado pelos fortes aumentos nos fertilizantes e no diesel.
Há também as condições do mercado interno e externo para o açúcar e álcool, também consideradas na composição do preço da matéria-prima. A trajetória do preço do açúcar foi descendente no ano passado porque havia excedente no mercado provocado, principalmente, pelo aumento na produção na Índia. Há expectativa de que as cotações melhorem a partir do segundo semestre por conta do recuo na oferta indiana.
Em relação ao etanol, a demanda está aquecida no mercado interno. E os preços estão caindo porque a safra começou e há oferta acentuada nesse momento. Assim, o produtor de matéria-prima acaba sofrendo os reflexos de movimentações na comercialização pela qual ele não tem participação.
Ë certo que num processo de expansão da grandeza como a do setor sucroalcooleiro brasileiro sejam esperados desajustes naturais na oferta e demanda e também nos preços. O setor se profissionalizou muito nos últimos anos e há novos desafios pela frente. Um deles é atentar para essas oscilações na oferta e demanda porque nosso esquema de produção é diferente dos Estados Unidos, onde praticamente não há entressafra. Aqui, produzimos em sete a oito meses para garantir o abastecimento ao longo de um ano. E o produtor de cana, que recebe também com base em indicadores de mercado, acaba atravessando os anos com frio na espinha e é quem mais sente as dores do crescimento do setor.
Para a maioria das pessoas, cujo contato com o setor se dá nas bombas de combustíveis, o aumento nos preços do álcool pode gerar a impressão de que a cadeia produtiva nunca esteve tão bem. No entanto, o produtor de matéria-prima, que é o primeiro elo do agronegócio da cana, está passando por maus pedaços. Já a safra anterior foi de preços ruins - a tonelada da cana ficou em R$ 35,42, enquanto o custo de produção, R$ 44,74 - e neste novo ciclo despencaram ainda mais.
No primeiro mês da safra 2007/08, o preço do Kg do ATR (Açúcar Total Recuperável) fechou em R$ 0,3217. Já neste ciclo ficou em R$ 0,2538. Se observarmos as dez últimas safras, veremos que o fornecedor independente conseguir respirar com um certo alívio em poucas delas. Nos sete primeiros ciclos desse período, a renda obtida com a cana ficou abaixo ou praticamente empatada com os custos para produzi-la. Só nas safras 2005/06 e 2006/07 é que a situação se inverteu positivamente para o produtor - quando a tonelada da cana ficou em R$ 44,94 e R$ 51,39 e os custos de produção em R$ 40,38 e R$ 44,02, respectivamente -, mas voltou a piorar no ciclo passado.
No entanto, há de se considerar alguns aspectos: os dois períodos considerados bons coincidiram com o início do processo de crescimento do setor, justamente quando os produtores investiram na atividade, expandindo a área e buscando tecnologias. Ou seja, o fornecedor apostou em boas safras futuras para amortizar o que foi investido e se deparou com um cenário diverso, ainda agravado pelos fortes aumentos nos fertilizantes e no diesel.
Há também as condições do mercado interno e externo para o açúcar e álcool, também consideradas na composição do preço da matéria-prima. A trajetória do preço do açúcar foi descendente no ano passado porque havia excedente no mercado provocado, principalmente, pelo aumento na produção na Índia. Há expectativa de que as cotações melhorem a partir do segundo semestre por conta do recuo na oferta indiana.
Em relação ao etanol, a demanda está aquecida no mercado interno. E os preços estão caindo porque a safra começou e há oferta acentuada nesse momento. Assim, o produtor de matéria-prima acaba sofrendo os reflexos de movimentações na comercialização pela qual ele não tem participação.
Ë certo que num processo de expansão da grandeza como a do setor sucroalcooleiro brasileiro sejam esperados desajustes naturais na oferta e demanda e também nos preços. O setor se profissionalizou muito nos últimos anos e há novos desafios pela frente. Um deles é atentar para essas oscilações na oferta e demanda porque nosso esquema de produção é diferente dos Estados Unidos, onde praticamente não há entressafra. Aqui, produzimos em sete a oito meses para garantir o abastecimento ao longo de um ano. E o produtor de cana, que recebe também com base em indicadores de mercado, acaba atravessando os anos com frio na espinha e é quem mais sente as dores do crescimento do setor.