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O estresse térmico em bovinos leiteiros Parte 1: Uma introdução ao tema


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Danielle Azevêdo (pesquisadora da Embrapa Meio-Norte)

Émones Santos Souza (aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal/UFPI)

Parnaíba, 11 de dezembro de 2007. As regiões tropicais e subtropicais, situadas entre os limites de 30o de latitude Norte e Sul, são zonas climáticas bem definidas que concentram, aproximadamente, 1/3 da superfície terrestre. O acentuado crescimento demográfico dos países situados nesta região associado à ineficiência de produção de alimentos agrava o problema de carência alimentar da população.

O rebanho existente nas regiões tropicais e subtropicais é imenso, apresentando, porém baixo desempenho produtivo e reprodutivo. Uma das estratégias para aumentar a produtividade dos rebanhos localizados nestas regiões tem sido a introdução de raças especializadas originárias de clima temperado através da importação de animais, sêmen ou embriões, a serem utilizados como puros ou em cruzamentos com raças nativas. Na maioria das vezes, no entanto, observa-se que animais de raças importadas comportam-se de forma diferente em relação ao seu país de origem, com perda de suas características raciais e produtivas. Esta ¨ineficiência¨ tem como causa principal os mais diversos fatores ambientais (clima, tipo de alimento, qualidade das pastagens, doenças, parasitas), que podem atuar como agentes limitantes das funções fisiológicas e, conseqüentemente, do desempenho animal. O ambiente representa, portanto, um fator de restrição para obtenção da eficiência máxima para ganho de peso e produção de leite, principalmente em sistemas intensivos de produção.

O desempenho produtivo e reprodutivo dos animais depende do manejo empregado, envolvendo o sistema de criação, a nutrição, a sanidade e as instalações. Muitas vezes, a genética e a alimentação recebem maior atenção por parte de técnicos e produtores, visto que grande parcela dos custos de investimento e operação se concentram nestas duas áreas. As instalações, que representam o maior volume de investimento inicial fixo, são construídas apenas em função dos custos e facilidades para o produtor, sendo o conforto do animal muitas vezes negligenciado.

No Brasil, a produção de leite passa por grandes e rápidas transformações em virtude da nova realidade econômica mundial, com adoção de modernas tecnologias, objetivando o crescimento substancial da produtividade. Muitas granjas leiteiras brasileiras estão utilizando vacas de alto potencial genético para a produção de leite, animais estes que possuem metabolismo elevado, com produção de maior quantidade de calor endógeno. Estas granjas freqüentemente possuem instalações inadequadas às condições climáticas da região em que estão instaladas, o que acarreta às vacas adição de elevada temperatura do ar à grande quantidade de calor endógeno por elas produzido. Nestas condições desenvolve-se nos animais o estresse calórico, que em última instância diminui a produção de leite.

Neste sentido, atualmente os sistemas de produção de leite têm enfocado não apenas a produtividade, mas também o bem-estar do animal, além da qualidade do leite produzido, a qualidade de vida dos empregados e o ambiente final da produção, incluindo o tratamento de resíduos.

Para amenizar os efeitos deletérios do ambiente tropical, há necessidade de melhor entender as relações entre os elementos climáticos e a fisiologia animal. Este é o objetivo da Bioclimatologia Animal, ciência que vem ganhando espaço no meio científico, dada a sua importância no sentido de vencer as barreiras impostas pelo ambiente sobre a expressão do potencial genético dos animais. Neste sentido, o Comportamento Animal ou Etologia,  ciência que estuda o comportamento do animal como um todo, acentua a importância da objetividade no sentido de se conhecer, da melhor forma possível, as características ambientais às quais o animal está adaptado, o tipo de situação na qual deve conseguir respostas favoráveis e os meios disponíveis para efetuar estas respostas.

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