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O futuro, a fome e a superpopulação


Richard Jakubaszko
Pensar o novo não implica pensar o futuro, mas dar soluções aos problemas de hoje. Todos os problemas contemporâneos da humanidade serão agravados na medida em que a população cresce no planeta, hoje somos 7,3 bilhões de bocas, e seremos 9 bilhões dentro de 30 anos.

A área mais crítica será a produção de alimentos e a logística de sua produção, estocagem e distribuição. O Brasil está bem na foto, no quesito produção, apesar das restrições impostas pelo ambientalismo, pois o Código Florestal, por exemplo, engessou as gerações futuras para a abertura de novas áreas de plantio de alimentos. A solução, por enquanto, é produzir mais na mesma área, ou seja, aumentando a produtividade, e usando as tecnologias disponíveis. Dentro de 5 anos teremos de rediscutir o uso da terra, para amenizar as limitações do Código Florestal, mas ainda será um paliativo, pois a demanda de alimentos será gigantesca, acentuada pelo modismo político (que é positivo) de inclusão social, fenômeno que acontece no Brasil, China, Índia, Indonésia e outros países populosos, inclusive Paquistão. A primeira coisa que um pobre faz, quando ganha um troco, é comprar um bife ou um frango, e atrás do bife e do frango tem soja, milho, fertilizantes, logística, ensino, tecnologias, serviços e crédito.

O fator limitante da produção de alimentos é terra agricultável (e ainda a água e o sol, na ausência de um desses 3 fatores não existe agricultura), e na Europa e EUA elas já quase se esgotaram, existe menos de 20% de área disponível para agricultura, e em pior condição se encontram a China e Austrália. Sobram a África e o Brasil. Na África há notícias de que descobriram aquíferos, entre 150 e 400 m de profundidade, queira Deus que isso seja verdade, o que salvaria a humanidade por mais uns 20 ou 30 anos à frente de 2050. No Brasil teremos que rediscutir o Código Florestal, e isso vai mitigar o problema, caso prevaleça o bom senso. Com a pressão política e econômica da fome (pois não vai haver comida suficiente para todos, e os alimentos ficarão mais caros ainda), o mundo será outro. A história da humanidade registra que muitas ditaduras, monarquias e governos poderosos caíram porque faltou comida ao povo, não foi apenas Maria Antonieta que perdeu o pescoço (ela também, por causa da ironia, "mal entendida" pelo povo, que não gostou do tom jocoso...), e os Césares já sabiam disso, daí o aforismo de "dar pão e circo ao povo", para que seja um povo feliz.

Pensar o novo, desta forma, implica não engessar as gerações futuras, significa entregar aos nossos filhos e netos um mundo tão bom como o recebemos, porém menos poluído, e menos neurótico. Esse pensar o novo acarreta um conceito filosófico de que se deveria desejar "ser", e não "ter", pois o ter, obrigatoriamente, implica num consumismo exacerbado.
Consumismo
O consumismo tem limites, não apenas na produção de alimentos, mas nas tais tecnologias com obsolescência planejada, a começar pela informática e celulares, no hardware e no software, pois nesse ritmo e velocidade a humanidade não vai longe, ela se projeta ao precipício apocalíptico, acreditem, sem nenhum pessimismo de minha parte. Haja espaço para tanto lixo eletrônico!

Portanto, pensar o novo implica em prever soluções para problemas, e para solucionar os problemas precisamos, primeiro, reconhecer que existe o problema, e que o principal problema do planeta hoje chama-se superpopulação, cujo crescimento demográfico precisa ter velocidade reduzida, cair quase a zero por alguns anos, estimulada por novas políticas públicas, sob o perigo de extinção da humanidade por esgotamento do planeta e de seus recursos naturais. Não duvidem de que o Clube de Roma volte a falar em decrescimento, seguindo as recomendações malthusianas, eles já fizeram isso, e os países desenvolvidos fazem isso há décadas, os pobres que se virem, conforme sugeriu Malthus! Na próxima solução, a ser proposta pelos ricos, o que de pior pode acontecer? Guerras, para extermínio em massa de milhões de bocas, talvez na casa do bilhão...

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