CI

O Mapa da Cana-de-Açúcar no Brasil: 30 Anos de Reflexão


Alexander Silva de Resende

O mapa da cana mudou radicalmente nos últimos 30 anos, com o Centro-Oeste ganhando força e o Sudeste se consolidando como gigante. O que os números do IBGE revelam sobre essa transformação e o que isso significa para o futuro do agronegócio?

O IBGE, através de sua pesquisa anual Produção Agrícola Municipal (PAM), oferece uma radiografia fundamental da agricultura brasileira. Disponível desde 1974, a série histórica é uma fonte rica de dados sobre diversas culturas, como soja, milho, café, feijão e arroz. Mas, para entendermos a dinâmica do agronegócio, vamos olhar de perto o que aconteceu com a cana-de-açúcar.

Em 1988, a cultura ocupava cerca de 4 milhões de hectares no país. Em pouco mais de uma década, essa área cresceu para 5 milhões em 2001 e dobrou, chegando a 10 milhões de hectares em 2024. Mas a mudança mais significativa não foi apenas no tamanho da área plantada, e sim em sua geografia.

Em 1988, o Sudeste (57%) e o Nordeste (32%) concentravam quase 90% da área plantada. Hoje, o Sudeste ainda lidera, com 66% da área, mas o Nordeste viu sua participação encolher para 9%, enquanto o Centro-Oeste saltou para 20%. A cana-de-açúcar seguiu o mesmo movimento de grande parte do agronegócio, migrando para o Centro-Oeste.

Atualmente, a cana ocupa mais de 10% da área agrícola brasileira, um aumento significativo em relação aos 7% de 1988. Na região Sudeste, a participação é ainda mais impressionante: 40% de toda a área plantada é dedicada à cana. Essa liderança é puxada por São Paulo (54%) e Minas Gerais (11%), seguidos de perto por Goiás (10%), Mato Grosso do Sul (7%) e Paraná (5%).

O que causou o declínio de regiões tradicionais? Em 1988, estados como Alagoas e Pernambuco detinham quase 20% da área de cana, enquanto Goiás e Mato Grosso, juntos, somavam cerca de 5%. De lá para cá, muita coisa mudou. Pernambuco e Alagoas perderam quase 50% de sua área agrícola, e o Rio de Janeiro, que tinha uma participação relevante, hoje representa menos de 0,5% da área total. Produtividade? Mudanças climáticas? Tecnologia?  Custo da terra? O que causou essa mudança?

Essa dinâmica da agricultura é inevitável. Enquanto estados que perderam área viram usinas fecharem, os que cresceram ganharam novas indústrias. Essa é a lógica do mercado, mas será que é a única? O que acontece com as mudanças econômicas, sociais e tecnológicas quando a agricultura muda de lugar? Novos cultivos surgem? O êxodo rural se intensifica? Sobram áreas degradadas? As cidades avançam? O IBGE nos dá as respostas sobre o passado e o presente, mas o desafio é usar esses dados para planejar o futuro.

Mais informações podem ser obtidas acessando a Produção Agrícola Municipal (PAM)  do IBGE (https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pam/tabelas)

Forte abraço!

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.