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Oportunidades em Finanças Sustentáveis para o Agronegócio


Phillipe Käfer Haacke de Oliveira

Em 2020 o Brasil contribuiu para cerca de 4% das emissões de gases do efeito estufa no mundo, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). À despeito, no entanto, de ser um baixo percentual em comparação com as emissões de outros países como China, Estados Unidos, Índia e o bloco da União Europeia, cujas emissões são mais relacionadas à queima de combustíveis fósseis e geração de energia, as emissões brasileiras são relacionadas principalmente à mudança do uso da terra (46%), atividades agropecuárias (27%) e energia (18%). 

 

Dado que este artigo é introdutório ao tema, deixaremos para discutir especificamente sobre cada uma destas matrizes de emissões nas edições posteriores desta coluna. Cumpre, de toda forma, esclarecer que a mudança no uso da terra, decorrente do desmatamento e queimadas de florestas nativas, legal ou ilegal, não somente provoque emissões, mas que também impede a captura do carbono em razão da diminuição da biodiversidade nos solos responsável pela remoção de referido gás. 

 

Por outro lado, as atividades agropecuárias podem ainda evoluir para transformar seus solos em grandes polos de remoção ao invés da condição de emissores - é o que se busca pela agricultura regenerativa, que vem sendo implementada no Brasil pelo programa da Agricultura ABC+ do Governo Federal e algumas outras iniciativas pontuais.

 

Dois conceitos então restam para definir o momento de desafios e oportunidades que temos no cenário do agronegócio brasileiro em finanças sustentáveis - preservação e gestão integral sustentável da atividade rural. E são estes conceitos e condições que coloca o produtor rural na posição de protagonista nas discussões globais sobre o clima, pois sem o Brasil, o mundo não irá conseguir atingir as metas de mitigação do aquecimento global e, sem o produtor rural, o Brasil não conseguirá cumprir a agenda a qual se propôs.

 

Portanto, saímos do eixo da narrativa em se falar apenas em responsabilidades do setor, mas também em garantir que este tenha os instrumentos necessários para a viabilização dessas atividades, sobre as quais se destaca o mercado de pagamentos por serviços ambientais, em especial o mercado de carbono e a criação da CPR Verde e de Fiagros que podem ser utilizados para o fomento da preservação e da gestão integral sustentável da agropecuária brasileira.

 

O objetivo destes mercados e ferramentas de fomento, ao se aproximar do agronegócio brasileiro, é aliar às mitigações climáticas e necessidades da humanidade o reconhecimento e remuneração daquele que produz alimentos e protege o meio ambiente. Vivemos num momento único de mudança de paradigma em que se observa que a sustentabilidade está mais do que nunca aliada ao progresso e desenvolvimento, contando com o engajamento de investidores, agentes reguladores e empresas para sua consecução.

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