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Telenomus podisi, inimigo natural dos percevejos da soja


Amélio Dall’Agnol

TELENOMUS podisi, inimigo natural de percevejos da soja

Amélio Dall’Agnol e Adeney de Freitas Bueno, pesquisadores da Embrapa Soja

Os percevejos são os principais insetos-praga na fase reprodutiva da soja, visto que se alimentam diretamente dos grãos ou sementes, o que compromete sua produtividade e o valor que o produtor receberá na indústria pela menor qualidade do produto. A estratégia comumente utilizada para controlar essas pragas é o controle químico, com uso de inseticidas sintéticos. Porém, sua utilização abusiva e de forma preventiva acarreta aumento nos custos de produção, promove a seleção de indivíduos resistentes da praga, elimina seus inimigos naturais e pode contaminar os alimentos e o meio-ambiente.

Na soja cultivada na década de 80 e 90, principalmente no sul do Brasil, havia predominância do percevejo verde (Nezara viridula), que era combatido com liberações do parasitoide de ovos denominado Trissolcus basalis. No entanto, mais recentemente, devido a mudanças no sistema produtivo da soja, o percevejo marrom (Euschistus heros) passou a ser a espécie mais abundante, prevalecendo nos cultivos de soja em todo o território nacional.

Com a substituição da ocorrência do percevejo verde pelo percevejo-marrom, o T. basalis que controlava o percevejo verde deixou de ser importante, visto ser ineficiente no parasitismo dos ovos do novo percevejo dominante (E. heros). Sendo assim, para evitar o retorno de aplicações preventivas e abusivas de inseticidas, foi necessário encontrar outro agente de controle biológico para o novo percevejo dominante (percevejo marrom). A pesquisa rapidamente identificou o Telenomus podisi, dentre inúmeros parasitoides de ovos de percevejos encontrados na natureza. O adulto de T. podisi é uma microvespa (~1.0 mm) que se desenvolve de ovo a adulto dentro dos ovos do percevejo hospedeiro matando esse ovo e impedindo a emergência de ninfas da praga. É bastante eficaz no controle do percevejo marrom, sendo que uma fêmea adulta do parasitoide pode parasitar até 100 ovos da praga.

A pesquisa recomenda iniciar a liberação das microvespas quando for detectada a presença dos primeiros adultos dos percevejos nas lavouras, realizando duas a três aplicações no intervalo de 7 dias cada, em pupas disponibilizadas de forma avulsa ou em cápsulas contendo ovos parasitados da vespinha e distribuídos estrategicamente pela área, em pontos equidistantes. As fêmeas do parasitoide localizam os ovos de percevejos no campo e depositam neles seus ovos, interrompendo o desenvolvimento da praga e dando início ao desenvolvimento do parasitoide. Um ovo parasitado leva cerca de duas semanas para dar origem a uma nova população de vespas, cujas fêmeas são copuladas e saem em busca de ovos de novas posturas do percevejo para parasitá-los, evitando o nascimento de mais percevejos-praga na lavoura.

Dentre as estratégias associadas ao manejo deve-se evitar a liberação do parasitoide com ventos fortes e com temperaturas altas. O final da tarde é o período mais indicado para liberação.  

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