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Transgênicos na região do Amapá?


Gilberto Ken-Iti Yokomizo

Após a liberação do plantio de soja transgênica pelo governo federal instalou-se uma curiosidade e também tentativas de especulações sobre o posicionamento dos diversos órgãos que podem um dia desenvolver atividades relacionadas aos transgênicos, deste modo em diversas discussões no Estado tem se tocado neste assunto que merece esclarecimentos, principalmente se existe interesse ou não de pesquisa com transgênicos por parte da Embrapa Amapá. Atuando como geneticista e melhorista de plantas da Unidade, não vejo a urgência em trilharmos por estas técnicas avançadas, afinal o Amapá é um banco inexplorado de espécies diversas a serem descobertas e pesquisadas profundamente, onde em pequenas incursões pode se deparar com novas espécies ainda sem estudos científicos sobre suas propriedades químicas ou nutricionais, ou seja é um Estado que ainda encontra-se numa fase interessante para qualquer pessoa que trabalhe com material genético, permitindo englobar todas as etapas aprendidas nos meios acadêmicos e muitaos vezes nunca aplicadas nas regiões mais desenvolvidas, que são os processos de bioprospecção, coleta, estudos morfológicos, estudo ecológicos, estudos de biologia floral, domesticação, seleção genética, entre diversos estudos que podem e devem ser realizados.

Na área do melhoramento genético, o principal enfoque passa a ser sobre os estudos de iniciais, visando identificar as espécies potenciais para uso futuro ou imediato nas áreas de medicinais, alimentícias e também como reserva genética ou seja a bioprospecção científica, concomitantemente deverão ser realizados estudos relativos a diversidade genética visando determinar a variabilidade das populações vegetais locais, garantindo o tamanho efetivo de amostragem adequados para obter respostas nos processos de melhoramento genético. Para determinar a metodologia de melhoramento genético deverão ser determinados o sistema de cruzamento preferencial (autogamia ou alogamia) das espécies a serem pesquisadas num estudo da biologia floral, pois estas informações são primordiais para a condução efetiva de qualquer programa de melhoramento genético vegetal por mais rudimentar que seja, pois estes conhecimentos garantem respostas em menor tempo e com maior eficácia.

Deste modo o Amapá ainda não precisará enveredar para a área dos transgênicos, colocando-se numa posição peculiar aos melhoristas genéticos vegetais, que poderão empregar seus conhecimentos desde as etapas iniciais de um programa até um produto final, permitindo tornar um melhorista com domínio completo de todas as etapas teorizadas nas salas de aula e que muitas vezes nunca são aplicadas.

Gilberto Ken-Iti Yokomizo

Dr. em Genética e Melhoramento de Plantas

Pesquisador da Embrapa Amapá

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