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Um pouco da história do café


Vinícius André de Oliveira

Na época da independência do Brasil, viajantes como Saint-Hilaire e Johann Emanuel Pohl, passando pelo Rio de Janeiro e pelo planalto paulista encontraram frutas de clima temperado como morango, pêssego, damasco e castanha, da Europa até quiabo, feijão fradinho e mamona, da África.

             Certamente existiam muito mais produtos cultivados no fim do séc. XVIII se considerados os produtos oferecidos exclusivamente ao mercado interno. Devido à descoberta do ouro, a população de origem portuguesa aumentou consideravelmente, simultaneamente à população de escravos importados da África.

              Toda essa população precisava de alimentos e esse fato fez com que, cada vez mais, a produção de mandioca, milho e feijão além da criação de animais como gado, cabras, porcos e aves, fossem aumentadas significativamente.

              Porém, no século XIX, a chegada do café substitui todas as pequenas roças existentes por imensas fazendas com plantação desse novo produto, além das florestas que desapareceram da noite para o dia. Os primeiros a cultivarem o café foram os holandeses em Java por volta de 1690, seguidos dos franceses e depois por colônias americanas. Quanto mais sua produção aumentava, mais seu preço caia e seu consumo era expandido para um número cada vez maior de europeus.

              Podia-se considerar o café como um fenômeno cultural, pois, suas propriedades e qualidades eram relatadas e descritas em livros, o que estimulava muito o consumo do café. Um outro fato que intensificou o consumo estava relacionado com o aspecto social. O café, assim como o chá, era comparado a bebidas alcoólicas, que tinham seu consumo excessivo condenados, porém, eram louvadas por sua importância como alimento.

              No século XVIII, começam a haver batalhas contra o consumo de destilados, popularizados graças aos avanços tecnológicos, e nesse cenário o consumo tanto do chá como do café são estimulados. Com o declínio dos destilados, o café, exaltado por médicos e autoridades quanto os seus benefício à saúde, estava prestes a uma explosão de consumo, o que acabou acontecendo com a Revolução Francesa[1], a qual trouxe uma grande quantidade de trabalhadores e formou diversas cidades. Esses trabalhadores deveriam estar sempre sóbrios, outro fator do aumento do consumo do café.

              Conforme os especialistas Del Priore e Venâncio, é a partir daí que começa a produção do café brasileiro, data de 1727, ano em que foram trazidas as primeiras sementes por militares paraenses da fronteira com a Guiana Francesa, mas somente em meados do século XVIII, foi registrada a primeira produção de café no Ceará e no final do mesmo século, eram exportadas 1,5 toneladas de café anualmente o que representava 1,8% das exportações brasileiras. Números pouco expressivos se considerada a exportação de açúcar branco, que na mesma época era de 18 mil toneladas por ano. Com o passar do tempo as exportações de café foram aumentando e entre os anos de 1790 e 1830 passou de 1,8% para 45% das exportações brasileiras.



[1]A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios.

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