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Boi gordo continuou acomodando com abates elevados

O mês de março continuou relativamente pressionado para os preços do boi gordo, diante da boa oferta de gado


Os preços da carcaça casada no atacado também recuaram

O movimento de queda do boi continuou mais que proporcional à carcaça no atacado em março, elevando um pouco mais os spreads tanto no mercado interno quanto no externo. Apesar das boas exportações, a elevada oferta de animais terminados, sobretudo fêmeas, influenciou nos preços mais fracos. O mês de março continuou relativamente pressionado para os preços do boi gordo, diante da boa oferta de gado. O indicador Cepea apresentou recuo de 2,2% na parcial até o dia 22 (R$ 233,15/@), quando comparado com fev/24.

Os preços da carcaça casada no atacado também recuaram, porém menos que o animal, o que fortaleceu novamente o spread dos frigoríficos no mercado doméstico, marcando 6,9%, o maior para o mês de março. Os dados de abates do MT (INDEA) têm mostrado amplo volume de gado. Foram 615 mil cabeças abatidas em fev/24, aumento de 37% sobre fev/23 considerando o número de dias úteis. E março aponta para um crescimento ainda mais expressivo, com mais uma vez um volume significativo de fêmeas. Se por um lado isso coloca pressão na oferta no curto prazo, por outro, forçará ainda mais a redução da produção de crias no próximo ano, potencializando a recuperação dos preços do bezerro.

Do lado das exportações, o spread também continuou se recuperando, não em função de uma melhora no preço da carne exportada, que apenas parou de cair nos últimos meses, mas diante da queda do custo do boi. A quantidade embarcada de carne bovina in natura em fevereiro somou 179 mil t, o melhor fevereiro da história, levando o total exportado no primeiro bimestre de 2024 a um crescimento de 25,9%. Como fev/23 refletiu o embargo chinês, que também afetou os números de março e abril do ano passado, devemos observar o crescimento anual expandir aindamais nos próximos meses.

Os próximos meses deverão continuar apresentado boa disponibilidade de gado, diante do período de safra, com a oferta normalmente boa até junho. Por outro lado, vemos bom potencial para as exportações, que têm colaborado bastante para o enxugamento da oferta. 2024 ainda deverá ser um ano de elevado volume de gado abatido, sobretudo fêmeas. Para os próximos anos, devemos começar a observar os reflexos da redução das matrizes através da recuperação do bezerro, dando início a um novo ciclo de retenção, reduzindo a oferta de fêmeas descartadas, reduzindo a produção de carne e criando as bases para a elevação do preço do boi.

A China ampliou a lista de plantas frigoríficas brasileiras habilitadas para exportação neste mês, incluindo 25 novos estabelecimentos em diversos estados brasileiros, um importante reconhecimento da parceria comercial. Entretanto, em curto prazo, fica a dúvida se o aumento do número de vendedores não dificultará a recuperação do preço da carne. De toda forma, é uma notícia muito positiva para o setor e acreditamos que um novo recorde de exportação poderá ser batido neste ano, não somente em função da China – de longe o principal destino, com 60% do total in natura em 2023 – mas também por conta do bons fluxos para outros mercados como os EUA, Emirados Árabes, Egito, etc.

Acompanhando o gradual enfraquecimento dos preços do boi no mercado físico desde o início do ano, a curva futura acomodou um pouco mais em quase todos os vértices, com o maio, por exemplo, referência do pico de safra, negociando próximo dos R$ 225/@, R$ 6/@ abaixo do observado há 30 dias. Aos preços atuais, as margens projetadas para os confinamentos seguem negativas para os próximos meses, porém para entregas a partir de agosto são interessantes, capturando o boi futuro mais elevado e os custos de produção favoráveis, desde que travados nas bases atuais.

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