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Colheita da soja seguiu em ritmo acelerado

Após cair quase 5% em fevereiro, a parcial de março até o dia 25 segue apontando leve valorização para o preço externo da soja


Após cair quase 5% em fevereiro, a parcial de março até o dia 25 segue apontando leve valorização para o preço externo da soja. Já no Brasil, a melhora da demanda no início de março vem favorecendo a formação das cotações. A colheita da soja no Brasil segue em bom ritmo, andando em linha com o ano passado. As exportações de soja do Brasil voltaram a acelerar em fevereiro e seguem em boa velocidade na parcial de março.

Em Chicago a alta é de quase 1% (0,6%) em relação a fevereiro. Nos últimos dias, as cotações avançaram diante da sinalização da Conab de uma produção menor para o Brasil. Do boletim de fevereiro para março, o número da companhia caiu de 149 para 146,8 milhões de toneladas. Ainda assim, apesar do excesso de chuva registrado na Argentina nos últimos dias, o quadro positivo para a oferta do país e do Paraguai mantém a cotações em patamares mais baixos. Os preços domésticos, na parcial de março, apresentam valorização de 6,1% em Sorriso.

A maior demanda interna e externa intensificou as negociações e influenciou a alta do preço. Os compradores aceleraram as aquisições diante do quadro de oferta interna incerto, com a menor produtividade esperada para aslavouras. Segundo a Conab, até o último dia 23, 66,3% dos campos de soja foram colhidos, contra 61,9% da semana anterior e 69,1% do mesmo período do ano passado. No momento, MT, MS e SP são os estados mais adiantados na colheita, enquanto o PI, SC e MA, os mais atrasados. No RS, a colheita está no início.

No segundo mês do ano, foram embarcadas 6,6 MM t de soja, o maior volume desde setembro do ano passado e recorde para o mês. No acumulado do 1º bimestre, os embarques ficaram 61,4% acima do mesmo período do ano passado. A parcial de março até a 4ª semana aponta para embarques ao redor de 12,4 MM t, o que, se confirmado, representa um crescimento de 88% sobre fevereiro, mas queda de 6% sobremarço/23. O USDA de março trouxe pequenas alterações para as projeções globais de soja, com estoques iniciais menores, menor produção, maiores exportações e estoques finais mais baixos. As importações chinesas de soja desaceleraram no primeiro bimestre, representando o menor volume dos últimos 4 anos.

A relação de troca com o KClsegue bastante favorável para o grão. A diminuição da safra brasileira de soja em 1 MM t, agora projetada em 155 MM t, combinada com um aumento importante para asimportações chinesas, de 3 MMt, levou à redução do estoques finais em 2 MM t ante a projeção de fevereiro. Entretanto, apesar da queda dos estoques, a relação estoque/uso globalsegue projetada em 30%, dando continuidade à sinalização de um balanço mais folgado em relação à safra 2022/23.

No acumulado até fevereiro, a China importou 13 milhões de toneladas de soja, quase 10% abaixo do importado no mesmo período do ano passado. Isso se deveu às margens de esmagamento negativas no país, diante da redução da demanda por conta das margens também negativas da produção de suínos. Entretanto, as vendas de farelo em março cresceram rapidamente na China e já superaram o total vendido em janeiro e fevereiro. Os preços do ingrediente estão mais atrativos que os dos concorrentes, como o DDG, para a ração e as fábricas aumentaram o consumo. As margens de esmagamento voltaram a ficar positivas, o processamento aumentou e os estoques de soja nos portos chineses estão caindo rapidamente. Esses fatores indicam que a demanda chinesa de soja deverá voltar a acelerar, beneficiando os embarques do Brasil. Com a cotação do KCl se mantendo próximo dos USD 300/t (CFR Brasil), a relação de troca entre soja e o fertilizante segue bem abaixo da média dos últimos 5 anos, em 11,7 sacas/t.

O valor, inclusive, está próximo da mínima do período, de 10 sacas/t, registrada em 2021. Apesar dos preços mais pressionados do grão, a relação de troca com fertilizante se mostra em bons patamares. A parcial de março aponta aumento para os preços internacionais do óleo de soja, enquanto segue indicando mais um mês de queda para o farelo. No mercado interno, os preços seguiram pressionados diante do aumento da oferta dos produtos. Com o ritmo de exportação de soja americana bastante lento, o esmagamento no paíssegue registrando recordes.

Nos primeiros vinte e cinco dias do mês, o óleo de soja seguiu registrando alta de 3% em Chicago, para USDc/lb 46,95, enquanto o farelo caminha para a quarta desvalorização mensal seguida, marcando USD 336,56/t, queda de 2,4% ante fevereiro. Para o óleo, os vendedores argentinos indicaram uma redução nos estoques e limitação nos embarques para os meses de março e abril. Os estoquesremanescentes na Argentina são bastante limitados e estão se esgotando neste primeiro trimestre de 2024. Já o farelo continua sentindo a pressão da oferta interna e da iminência da safra cheia argentina. Em março, a parcial para o farelo acumula desvalorização de 5% na praça de Rondonópolis, a R$ 1.668/t. Para o óleo, no MT, a queda é de 2,2%, para R$ 3.934/t. A temporada de embarque de soja dos EUA 2023/24 está no nível mais baixo desde a safra 2019/20, o que favorece o aumento do esmagamento no país.

Em fevereiro, o processamento foi de 5,1 milhões de toneladas, 15,4% acima da média para o mês e o valor mais alto já registrado para o segundo mês do ano. A forte temporada de esmagamento da soja também pode ser atribuída à expansão estratégica das instalações de processamento e aumento das capacidades existentes, visando atender à crescente demanda por óleos vegetais para produção de combustíveisrenováveis. A previsão de redução das chuvas para a Argentina nos próximos10 dias pode diminui as preocupaçõessobre a oferta de derivados.

A expectativa é de que os preços do óleo de palma apresentem trajetória de alta nos próximos meses, em parte devido ao aumento da procura de biodiesel, mastambém devido a estagnação da produção nos principais produtores, Indonésia e Malásia. A parcial de exportação da Secex aponta para o embarque de 151 mil t de óleo de soja em março, o que seria um crescimento de 346% sobre fevereiro. Na quarta-feira, dia 13 de março, a Câmara dos Deputados aprovou com ampla vantagem o projeto de lei Combustível do Futuro. A princípio, o excesso de chuva registrado até agora na Argentina não acarretou danos às lavouras de soja, e a possibilidade de algum atraso na colheita vais se esvaindo. As previsões indicam redução das chuvas para o país nos próximos dias.

Os preços do óleo de palma já aumentaram 10% em 2024 e as projeções apontam crescimento de apenas 300 mil toneladas para a produção global do óleo, o mais baixo dos últimos quatro anos. Para a Indonésia, a estimativa é de queda de 1 milhão de toneladas para a produção. A oferta de óleo de palma é reduzida, por enquanto, a disponibilidade de óleo de soja é menor e o único derivado que segue com melhora na disponibilidade, ou mostrando recuperação, é o óleo de girassol. A valorização do óleo de palma favorece tambémajuda o derivado da soja. A redução dos estoques argentinos de óleo de soja abre espaço para que os vendedores brasileiros consigam escoar maiores volumes neste mês em comparação com o que foi observado em janeiro e fevereiro. O mercado brasileiro se encontra em meio a última janela de oportunidade de exportação neste ano, com a Argentina retomando seu espaço no mercado internacional de óleo de soja à partir de maio.

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