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Mercado da soja

As cotações da soja, em Chicago, recuaram após o anúncio do relatório de oferta e demanda dos USDA, no dia 11/04


As cotações da soja, em Chicago, recuaram após o anúncio do relatório de oferta e demanda dos USDA, no dia 11/04. Com isso, o fechamento desta quinta-feira, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 11,34/bushel, contra US$ 11,59 uma semana antes. Dito isso, o USDA, no dia 15/04, indicou suas primeiras informações sobre o plantio da soja nos EUA. Até o dia 14/04 o mesmo atingia a 3% da área esperada, contra a média de 1% para esta data. Por outro lado, as importações de soja, por parte da China, no mês de março, registraram os mais baixos níveis, para o mês, nos últimos quatro anos. Isso porque os preços altos e as margens dos produtores de suínos chineses, muito baixas, forçaram uma redução no esmagamento da oleaginosa.

A China importou, em março, um total de 5,54 milhões de toneladas de soja, com recuo de quase 20% sobre o mesmo mês do ano passado. Nos três primeiros meses de 2024 a China recebeu 18,6 milhões de toneladas de soja, com recuo de 10,8% sobre o mesmo período de 2023. É o volume mais baixo desde o primeiro trimestre de 2020, atingido pelo início da pandemia de Covid-19. Portanto, há uma demanda mais fraca por soja, na China, fato que colabora para pressionar para baixo as cotações em Chicago. A situação pode melhorar no segundo trimestre do ano, porém, o sentimento do mercado local, por enquanto, é de um movimento mais fraco do que o dos últimos anos.

Já na Argentina, as chuvas recentes e prolongadas aumentou o receio de quebra na sua safra de soja, pois há atrasos na colheita. Muitas áreas ainda não secaram, atrasando ainda mais a colheita. Por enquanto, a Bolsa de Comércio de Rosário reduziu a estimativa de produção final para 51 milhões de toneladas no vizinho país.

E no Brasil, apesar do câmbio ter avançado para R$ 5,28 por dólar em alguns momentos da semana, puxado pela política de juros nos EUA, pelos problemas fiscais e de ajustes no arcabouço fiscal no Brasil, e na virada da semana pelo recrudescimento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã à Israel, os preços pouco se modificaram. Este último fato igualmente melhorou um pouco mais os prêmios nos portos. Mas o recuo em Chicago compensou, em parte, estes dois outros fatores. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 119,50/saco, enquanto as principais praças do Estado ficaram em R$ 119,00. Nas demais regiões do país o preço da oleaginosa girou entre R$ 107,00 e R$ 113,00/saco.

O lado positivo nisso tudo é que os prêmios nos portos, pela primeira vez em oito meses, ficaram positivos nesta semana. Muito devido ao conflito no Oriente Médio, é verdade. Esse fato pode reverter o quadro mais adiante se o conflito diminuir. Mas pesa igualmente sobre eles, e os preços internos, o fato de que a Conab cortou em 15,48 milhões de toneladas a atual safra brasileira de soja, na comparação entre sua primeira estimativa, em outubro/23, e a última agora em abril/24. Por enquanto, segundo este órgão público o volume final brasileiro está estimado em 146,5 milhões de toneladas, ficando 5,2% abaixo do colhido na safra anterior, conforme suas estatísticas Pelo sim ou pelo não, o fato é que esta reação do mercado, especialmente para os meses futuros, levou muitos produtores, com razão, a venderem soja, especialmente em função das dívidas existentes e da oportunidade que se apresentou.

Afinal, calculase que, em Chicago ficando nos atuais níveis e o Real voltando aos patamares dos R$ 5,00, os preços internos da oleaginosa possam recuar entre R$ 4,00 e R$ 6,00/saco. (cf. Brandalizze Consulting) Na questão cambial, muito irá depender da postura do Banco Central em vender ou não dólares no mercado, visando segurar o Real, e dos resultados da próxima reunião do Copom, sobre a Selic, a qual deverá ocorrer nos dias 07 e 08 de maio próximo. Por outro lado, as exportações brasileiras de soja estão firmes.

Entre janeiro e meados de abril o Brasil exportou mais de 28 milhões de toneladas segundo a Secex. Com isso, o volume já comercializado, no ano comercial 2023/24, atingiria cerca de 72 milhões de toneladas, contra algo entre 85 e 90 milhões da média dos últimos cinco anos. (cf. Brandalizze Consulting) Afora isso, a colheita brasileira de soja chegou a 85,1% da área no final da semana passada, ficando um pouco abaixo da média histórica que é de 87,8% para a data. (cf. Pátria AgroNegócios) Já a consultoria Safras & Mercado informou que a sua nova previsão de colheita é de 151,2 milhões de toneladas, contra 148,6 milhões na estimativa anterior. Portanto, há uma revisão para cima no volume final a ser colhido pelo Brasil conforme a mesma. Houve melhora na produtividade final em muitas regiões do país. Assim, segundo a mesma fonte, o recuo seria de 4,2% sobre a colheita anterior.

Por outro lado, a Abiove encerrou os cálculos sobre a safra de 2023, sendo que a produção final, segundo ela, teria ficado em 160,3 milhões de toneladas e o esmagamento em 54,2 milhões. Já a produção do farelo totalizou 41,6 milhões de toneladas e a do óleo 10,8 milhões. Ao mesmo tempo, as exportações atingiram a 101,9 milhões de toneladas do grão, 22,5 milhões em farelo e 2,3 milhões em óleo de soja. A receita consolidada com essas exportações foi de US$ 67,3 bilhões. Já para 2024, a Abiove destoa um pouco das fontes anteriores, indicando uma produção final estimada em 153,8 milhões de toneladas para o grão. Com isso, o esmagamento alcançaria 54,5 milhões de toneladas, sendo 41,7 milhões para a produção do farelo e 11 milhões para a produção do óleo de soja. E as exportações ficariam em 97,8 milhões de toneladas do grão, 21,6 milhões em farelo, enquanto o óleo ficaria em 1,15 milhão de toneladas devido ao aumento do uso do produto em biodiesel. A expectativa de receita destas exportações do complexo soja, em 2024, diante de preços internacionais e volumes menores é de US$ 59,7 bilhões. Ou seja, US$ 7,6 bilhões a menos do que o registrado no ano anterior.

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