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Mercado do trigo

No Brasil, os preços do cereal continuam estáveis, girando ao redor de R$ 60,00/saco no Rio Grande do Sul e R$ 64,00 no Paraná


As cotações do trigo, em Chicago, ficaram estáveis nesta semana

As cotações do trigo, em Chicago, ficaram estáveis nesta semana, pelo menos até o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, neste dia 11. Após isso, o fechamento deste dia, para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 5,51/bushel, contra US$ 5,56 na semana anterior. O relatório apontou os seguintes números para a safra de trigo 2023/24:

1)a produção total dos EUA fica mesmo em 49,3 milhões de toneladas, enquanto seus estoques finais chegam a 19 milhões, com aumento de 700.000 toneladas sobre março;

2) a produção da Argentina foi mantida em 15,9 milhões de toneladas, enquanto suas exportações sofreu leve recuo para 10 milhões;

3) a produção do Brasil foi fixada em 8,1 milhões de toneladas (já colhida) e as exportações nacionais seriam de 2,5 milhões no corrente ano comercial;

4) o preço médio aos produtores estadunidenses de trigo foi reduzido para US$ 7,10/bushel.

Mesmo assim, bem acima do preço atualmente praticado em Chicago. Enquanto isso, até o dia 07/04, a safra de trigo de inverno, nos EUA, se apresentava com 56% da área total em boas ou excelentes condições, contra 27% no mesmo período do ano anterior. Já o trigo de primavera estava semeado em 3% da área esperada, estando dentro da média histórica. E na Índia, país que o mercado vem acompanhando de forma mais próxima nos últimos anos, a partir do fato de que a China começa a dar sinais de ter chegado ao seu limite de importações (ao menos por enquanto), tem-se que sua produção de trigo deva chegar a 105 milhões de toneladas neste ano, ficando 6,2% abaixo do estimado pelo governo local.

“A Índia, o maior consumidor e produtor de trigo do mundo, depois da China, proibiu as exportações em 2022 e está contando com colheitas abundantes para reforçar os estoques e controlar os preços locais, que subiram depois que o tempo seco reduziu as safras de 2022 e 2023. Esta menor produção de trigo levou o governo indiano a vender um recorde de 10 milhões de toneladas de trigo de suas reservas, para compradores a granel, como moinhos de farinha e fabricantes de biscoitos, provocando uma redução nos estoques essenciais do país.

Os mesmos caíram para 9,7 milhões de toneladas no início de março passado, ficando nos menores níveis desde 2017. A estatal Corporação de Alimentos da Índia espera comprar 31 a 32 milhões de toneladas de trigo de agricultores domésticos neste ano, contra 26,2 milhões de toneladas em 2023. 

E no Brasil, os preços do cereal continuam estáveis, girando ao redor de R$ 60,00/saco no Rio Grande do Sul e R$ 64,00 no Paraná. Houve um leve movimento de alta no início de abril, para o trigo de qualidade superior, porém, o mesmo não mostrou, ainda, consistência. A desvalorização recente do Real deixa o trigo importado mais caro, fato que ajuda a sustentar os preços do cereal nacional.

Neste sentido, dependendo do que o país terá no próximo plantio, a partir de setembro no Paraná, existe potencial para uma alta nos preços do trigo até o final do ano, porém, sendo difícil de medir sua intensidade. Para o Rio Grande do Sul, se avança, por enquanto, valores que podem ir até R$ 65,00/saco. O que preocupa agora, além da falta de produto de qualidade e dos baixos preços, é a forte quebra na produção de sementes na colheita passada.

O Rio Grande do Sul teria perdido 50% desta produção, enquanto o Paraná perdeu 20%. Isto deverá aumentar novamente o custo de produção das futuras lavouras. Segundo produtores gaúchos, “de 100 toneladas de trigo que se levava para a UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes), se tirava 80 toneladas de sementes. Agora, foram apenas 50 toneladas. E não têm a qualidade ideal.”

Já a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) informa que, para a safra 2024, estarão disponíveis 138.000 toneladas de sementes certificadas de trigo, volume suficiente para abastecer uma área de cultivo próxima a 1 milhão de hectares. Enquanto isso, a estimativa da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), é de que deixarão de entrar no mercado cerca de 30.000 toneladas de sementes de trigo por falta de qualidade, e o volume existente será suficiente para o plantio de 1,1 milhão de hectares no Paraná.

A Apassul gaúcha estima que a taxa de uso de semente certificada nesta safra será de 78%, a maior da sua história, indicando que o uso de semente “salva” (aquela guardada pelo produtor de trigo para uso exclusivo em sua lavoura) não será significativo pelo risco de investir em semente de baixa qualidade. No ano passado, a taxa de uso de sementes certificadas foi de 58% no Rio Grande do Sul. Neste contexto, a grande questão será o preço da semente de trigo. Segundo a Embrapa trigo, a partir de consulta a algumas cooperativas gaúchas, “o preço do saco de sementes de trigo de 40 quilos está variando de R$ 130,00 a R$ 150,00, contra os R$ 120,00 praticados na safra passada, quando houve muita oferta.

Em tal contexto, o cenário nacional para a futura safra de trigo deve ser de muita cautela por parte dos produtores. Será necessário muito cálculo e gestão econômica, junto às propriedades, na hora da tomada de decisão de plantar e quanto plantar nesta nova safra de inverno. Pois além de toda a questão econômica e de preços, ainda há a imprevisibilidade climática.

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