Os preços da soja na BM&F indicam que as atuais expectativas do mercado com relação aos meses futuros são de estabilidad...
Os preços da soja na BM&F indicam que as atuais expectativas do mercado com relação aos meses futuros são de estabilidade. No cenário internacional, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 9, manteve essencialmente os números do relatório de janeiro, com apenas algumas mudanças referentes ao estoque final mundial, que se encontra no mais elevado nível da história – 61,35 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, o estoque final alcançou 12 milhões de toneladas, fato que não era visto desde 1986. Quanto à Argentina, o relatório não alterou a estimativa de produção de 39 milhões de toneladas.
Para o Brasil, a projeção da nova safra ficou em 63 milhões apresentando baixa de 1,5 milhões de toneladas devido ao clima seco da região sul. A expectativa de safra cheia na América do Sul aliada à estabilidade da demanda mundial deixam os preços com reduzida volatilidade. No mercado doméstico, diante dos atuais níveis de preços, a comercialização segue em ritmo lento, sugerindo a intenção de se carregar estoque pelo menos até a definição do plantio de início de desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos, no mês de junho.
De 14 de janeiro a 9 de fevereiro, as cotações do vencimento maio do mercado futuro de soja na BM&F apresentaram queda de 4,05%, fechando a US$10,94/saca. Em janeiro, foi registrada na BM&F a negociação de 3.328 contratos ou 89.856 mil toneladas, 46% do total de 2004. Com relação à liquidez diária, o mesmo mês negociou 158 contratos (4.266 toneladas) por dia. A Tabela 1
(Arquivo em anexo no rodapé da página) mostra os oito meses futuros negociados em 9 de fevereiro de 2005, sendo o mais próximo o vencimento março1, cotado a US$11,60/saca, e o mais distante o vencimento novembro de 2005, cotado a US$12,10/saca. Observando os meses futuros, o produtor pode calcular diariamente qual o mês que oferece maior remuneração numa operação de hedge. Note que o vencimento maio foi negociado a US$ 10,94/saca, com diferença de US$ 1,11/saca em relação a setembro. Suponha que um produtor esteja com sua soja disponível no início de abril e quer saber se é mais interessante fazer hedge para maio2 ou setembro.
Para poder se comparar qual estratégia é mais vantajosa, devem ser descontados do preço futuro de maio os custos da operação de hedge; para o preço futuro de setembro são descontados, além dos custos da operação de hedge, os custos de carregamento do estoque em armazém (custo de armazenagem e o custo de oportunidade do capital). A Tabela 2
(Arquivo em anexo no rodapé da página) apresenta os resultados do cálculo descrito acima, mostrando que o preço de setembro trazido para maio resultou em US$9,70/saca, ao passo que o preço do vencimento maio, retirado o custo do hedge, resultou em 10,85/saca, ou seja, é melhor efetuar posições de hedge para maio, do que para setembro.
Esse exemplo não é uma recomendação de operação, pois serve apenas como exercício para se entender o mercado futuro.
Luiz Cláudio Caffagni, [email protected]