Os preços dos principais produtos substitutos ou complementares à mandioca, recebidos pelos agricultores paulistas no pe...
Os preços dos principais produtos substitutos ou complementares à mandioca, recebidos pelos agricultores paulistas no período de julho de 2003 a julho de 2008, apresentaram forte elevação a partir do final de 2006 (deflator IGP-DI, da FGV). O preço do trigo atingiu um valor recorde em maio de 2008. Diversos fatores contribuíram para essa conjuntura, além de menor oferta mundial e um dos mais baixos níveis de estoque mundial de passagem de trigo, destaca-se a restrição às exportações, imposta pela Argentina, principal país fornecedor do produto ao Brasil.
Da mesma forma, o milho também teve seus preços elevados no mesmo período, basicamente em função de aumento da demanda no mercado internacional com conseqüentes níveis recordes de exportação brasileira do produto.
O milho é o principal concorrente da mandioca no mercado brasileiro de amido, cujo consumo nacional, da ordem de 1,6 milhão de toneladas, é satisfeito em cerca de 60% pelo amido de milho e 40% pela fécula de mandioca. À farinha de trigo, muitas vezes, é incorporada uma parcela de fécula de mandioca, resultando em um pão misto oferecido por algumas panificadoras.
Comparando a evolução dos preços da mandioca no mesmo período com a dos dois cereais citados (Figura 1), verifica-se que eles também se elevaram, mas numa intensidade menor e, se se comparar sua variação de julho de 2003 a de julho de 2008, os preços da mandioca em termos reais caíram, enquanto os de milho subiram 16% e os de trigo, 5%, portanto, distanciando-se ainda mais. No mês de agosto tanto os preços do trigo como os de milho apresentaram queda, em boa parte devido à entrada das safras de trigo e de milho safrinha.
A boa oferta da raiz impediu que seus preços se elevassem de forma mais intensa, a produção brasileira de mandioca de 2007/08 está estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 26,7 milhões de toneladas, menos de 1,0% de diferença do volume recorde do último decênio, de 26,9 milhões de toneladas obtida na safra passada. Em São Paulo, conforme os dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a produção está estimada em 957,6 mil toneladas, 1,0% superior à da safra passada e a terceira maior dos últimos dez anos.
Nas regiões produtoras de mandioca industrial do Estado de São Paulo, as operações de plantio da safra 2008/09, iniciadas em abril, foram reduzidas durante a maior parte do mês de agosto e nesse início de setembro, em função de estiagem, mas deverão ser retomadas assim que as chuvas vierem e podem se prolongar até outubro. A entressafra já está começando, a oferta de raiz de dois ciclos está diminuindo e a oferta de mandioca nova, de um ciclo, é menor devido à estiagem do ano passado, portanto, a oferta, normalmente reduzida nesse período, deverá ficar mais apertada, o que pode acentuar a esperada elevação dos preços.
Essa conjuntura, contudo, abre uma perspectiva favorável para a ampliação do mercado de produtos de mandioca, principalmente farinha e fécula destinadas aos setores alimentício e industrial, que podem ocupar espaços do amido de milho e da farinha de trigo, caso a relação de preços continue favorável.
O preço mínimo da raiz para a safra 2008/09 foi corrigido para R$98,85 por tonelada, com vigência a partir de janeiro de 2009. Os mercados de farinha e de fécula estão firmes, ensejando boas perspectivas para o produtor, a previsão é de expansão da área cultivada com mandioca no Estado de São Paulo.
Palavras-chave: mandioca, mercado.
Data de Publicação: 16/09/2008
Autor(es): José Roberto Da Silva ([email protected])
Analise de Mercado na Íntegra: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9462