Preço do açucar perde força
Em NY, o preço médio do mês de março na tela de mai/24 fechou em cUSD 21,60/lp
Preços perdendo força, com safra indiana se desenvolvendo melhor do que as estimativas anteriores principalmente nas regiões de Maharashtra e Uttar Pradesh. No Brasil, a região Centro Sul caminha para o final do período da safra 2023/24, porém com perspectivas de início antecipado da colheita das usinas e produtividadesmenores. Em NY, o preço médio do mês de março na tela de mai/24 fechou em cUSD 21,60/lp, redução de 7,5% comparado com o mês anterior. Sem grandes novidades no mercado, as cotações acabaram perdendo força no vencimento mais próximo.
Na região Centro Sul, a safra 2023/24 caminha para o fim, porém algumas usinas começaram a operação no final de fevereiro, totalizando 17 unidades em operação frente a 15 no ano anterior. Ainda é estimado, segundo o último relatório da UNICA (União das Indústrias de Cana de Açúcar e Bioenergia), que mais 28 unidades tenham iniciado a colheita até o final de março com a ressalva da dependência do clima para seu início. Na 2ª quinzena de fevereiro a moagem chegou aos 647 milhões de toneladas, representando alta de 19% comparado com o mesmo período de 2022/23 e a produção de açúcar totalizou 42,1 milhões de toneladas, aumento de 25,6% no mesmo comparativo.
No mercado indiano, a ISMA (Associação das Usinas de Açúcar da Índia) também divulgou a produção de açúcar até a 1ª quinzena de março, totalizando 28 milhões de toneladas, representando redução de apenas 0,6% comparado com a safra anterior. A produção de açúcar similar a safra anterior, segundo o relatório, é referente ao atraso na colheita no início de 2024 e às melhores produtividades de Maharastra e Uttar Pradesh. Neste momento, a colheita indiana começa a chegar ao seu final. Segundo o relatório, até o momento, 161 unidades produtoras já encerraram o ciclo 2023/24 frente a 208 unidades nomesmo período da safra passada.
A região Centro Sul deverá apresentar redução na produtividade da cana na safra 2024/25 dado o clima mais seco e quente entre o final de 2023 e início de 2024. Além disso, a safra indiana pode apresentar maior volume de produção de açúcar, o que pode pressionar preços. Algumas unidades na região Centro Sul iniciaram as operações no mês de março, dado os menores volumes de precipitações possibilitando a colheita no início do mês. O fator produtividade ainda é a grande dúvida no mercado. No retorno da colheita, é provável que as usinas iniciem com cana bisada, o que dificultará o entendimento de possíveis impactos do clima mais seco. Porém, um fator que chamou atenção no último relatório de safra da UNICA foi o ATR na 2ª quinzena de fevereiro, que totalizou 131 kg ATR/tonelada de cana, 31,9% acima da mesma quinzena de 2023.
O elevado nível de ATR pode indicar que o volume menor de chuvas de outubro até a 2ª quinzena de fevereiro e temperaturas elevadas no período, gerou estresse na planta e aumentou a concentração de açúcar. Considerando esses fatores, reduzimos nossa expectativa para safra 2024/25 para 590 milhões de toneladas de moagem. Para a produção de açúcar, consideramos o aumento de capacidade de produção de 1 milhão de toneladas, porém com o menor volume de cana, o que pode diminuir o ritmo de colheita, a depender do clima caso venha mais seco com o aumento da probabilidade de La Niña no segundo semestre. A diferença dos preços de açúcar e etanol pode acarretar em aumento da produção do adoçante. Na Índia, o fator a ser acompanhado será o último período da safra, principalmente nas regiões de Maharashtra e Uttar Pradesh, dado o aumento da produtividade relatado e a possibilidade de produção maior de açúcar, que pode pressionar os preços no mercado internacional e diminuir o déficit do balanço global de oferta e demanda. Nossa estimativa é de déficit de 2,2 milhões de toneladas de açúcar, com a Índia produzindo 30,7 milhões de toneladas até o final do ciclo 2023/24.