Projeção aponta novo aumento de área
Apesar da expectativa de que somente o Brasil supere a produção da safra anterior

Apesar da expectativa de que somente o Brasil supere a produção da safra anterior, a projeção é de novo recorde para a safra global 2025/26.
• O esmagamento global deve marcar recorde na safra 2025/26, diante do aumento da demanda de óleo de soja para a produção de biocombustíveis.
• Com a redução da área plantada, mas expectativa de produção parecida com 2024/25, o balanço americano deve apresentar redução dos estoques finais.
• Para o Brasil, a projeção aponta novo aumento de área e produção recorde em 2025/26, porém o ritmo de crescimento da área deve ser menor que o dos últimos anos.
• A dinâmica do mercado da soja será orientada pela política americana de biocombustíveis e pelos desdobramentos da guerra comercial entre China e EUA.
A projeção do USDA aponta para uma nova safra global recorde em 2025/26, em torno de 427 MM t de soja, aumento de 1% ante 2024/25. Dentre os maiores produtores, de acordo com o USDA, apenas o Brasil deve superar o volume da safra anterior, com estimativa de 175 MM t, crescimento de 4%. Nos EUA, a expectativa é de uma safra de 118 MM t (-1%) e, na Argentina, 48,5 milhões, queda de 1% sobre o ano anterior.
Nos EUA, o plantio de soja apresentou redução de área em 2025, com estimativa 4% menor que a do ano passado, enfrentando maior concorrência de área com o milho, com projeção de maior rentabilidade para o cereal. A perspectiva de produtividade é de 3,5 toneladas/hectare (t/ha), representando um crescimento esperado de 3,5%. O plantio americano ocorreu em ritmo acelerado e à frente da média durante toda sua evolução. As chuvas têm ocorrido em bons volumes na maior parte das áreas produtoras, em algumas regiões até acima da média, mas que, por enquanto, mantêm as estimativas de produtividade em níveis positivos.
Ainda estamos no meio do período de desenvolvimento e a consolidação dos números está sujeita a revisões, ainda dependendo da evolução do clima nos meses de julho e agosto. Nesse momento, os modelos seguem projetando um clima favorável nos próximos meses para os EUA. Entretanto, qualquer contratempo climático que implique em redução da produção americana poderá trazer reflexos importantes para os preços na CBOT, dado que o balanço americano de oferta e demanda é mais apertado esse ano e, portanto, sem espaço para quebra de safra.
Na Argentina, a área deve recuar quase 5% e a produção ficar em torno de 48–49 MM t. Muitos produtores do país devem optar por culturas de maior retorno esperado, como o milho.
Para o Brasil, a expectativa é de novo aumento para a produção, com elevação da área plantada e da produtividade. O USDA projeta uma área de 48,8 milhões de hectares (+3,0%), com produtividade média estimada em 3,6 t/ha, o que resultaria em uma produção de 175 MM t de soja.
Nosso cenário supõe uma expansão mais contida, de 1,5%, para a área com a oleaginosa em 2025/26, alcançando 48,3 milhões de hectares (+700 mil ha) e produtividade média de 3,6 t/ha, o que resultaria em uma safra de 174 MM t na estimativa da Consultoria Agro do Itaú BBA. Esse bom desempenho está ligado ao uso de tecnologias modernas de produção e clima favorável nas principais regiões de produção. Os modelos climáticos sugerem a continuidade das condições de neutralidade durante os meses de safra, o que tende a resultar em chuvas regulares no Centro-Oeste e demais regiões produtoras do Brasil. Por outro lado, os custos de produção elevados, com fertilizantes caros e juros altos, devem limitar maiores avanços de área. A área brasileira de soja segue crescendo há 18 safras consecutivas, marcando um crescimento de 19% nas últimas 4 safras, mas o ganho projetado de 1,5% para 2025/26 será o menor nesse ciclo recente.
O crescimento da demanda por soja é puxado pela expansão das cadeias de carnes e leite, que utilizam o farelo de soja como ingrediente na ração para a alimentação de frangos, suínos e bovinos. Entretanto, nas últimas safras, a demanda pelo óleo de soja para a produção de biocombustíveis tem se destacado e deverá ganhar protagonismo como o motor de crescimento da demanda por soja. A necessidade de descarbonização das economias fez com que os investimentos nesse setor se expandissem, com o aumento da capacidade de produção de biocombustíveis. A principal matéria-prima para a produção de dois dos três biocombustíveis mais fabricados no mundo na atualidade (etanol, biodiesel e diesel renovável) é o óleo de soja. O avanço dos biocombustíveis aumenta o uso de óleo de soja, que, por sua vez, puxa a demanda pelo grão.