CI

Cotações do trigo despencaram na corrente semana

O bushel do cereal chegou a bater em US$ 7,73 no dia 30/11, porém, se recuperou posteriormente e fechou a quinta-feira (02) em US$ 8,06


Foto: Pixabay

Após altas recordes nas semanas anteriores, as cotações do trigo despencaram na corrente semana. O bushel do cereal chegou a bater em US$ 7,73 no dia 30/11, porém, se recuperou posteriormente e fechou a quinta-feira (02) em US$ 8,06. A média de novembro ficou em US$ 8,06 igualmente, com expressivo aumento de 8,2% sobre outubro. Um ano antes, em novembro de 2020, a média mensal havia sido de US$ 5,98/bushel.

Dito isso, as exportações de trigo, por parte dos EUA, somaram 567.500 toneladas na semana encerrada em 18/11, ficando 70% acima da média das quatro semanas anteriores. O volume ficou acima das expectativas do mercado, sendo o Japão o principal comprador da semana com 154.200 toneladas. Em todo o ano comercial atual os EUA já exportaram 14,24 milhões de toneladas de trigo, contra 18,04 milhões no mesmo período do ano anterior. O USDA projeta exportações totais de trigo pelos EUA, em 2021/22, de 23,4 milhões de toneladas.

O recuo nas cotações do trigo em Chicago, na corrente semana, se deu em razão da Austrália ter aumentado sua estimativa de produção para níveis recordes neste ano 2021/22. Igualmente em canola e cevada a produção australiana será importante, ajudando a enfraquecer as cotações do trigo. (cf. IstoÉ Dinheiro). 

Por sua vez, a agência estatal de grãos do Egito (GASC) anunciou a compra de 600.000 toneladas de trigo, sendo a maioria de países do leste europeu, especialmente Romênia, Rússia e Ucrânia. A agência pagou entre US$ 350,85 e US$ 353,50 a tonelada pelo trigo romeno, entre US$ 351,37 e US$ 352,25 a tonelada do trigo russo e US$ 352,00 a tonelada do trigo ucraniano. Lembrando que o Egito é o maior importador mundial de trigo, ajudando a balizar os preços internacionais do cereal. (cf. Dow Jones Newswires).

Já no Brasil, o preço do trigo segue estável, com a média gaúcha no balcão fechando a semana em R$ 81,63/saco. No Paraná, o saco do produto ficou entre R$ 88,00 e R$ 92,00. A colheita nacional está praticamente encerrada, com uma safra recorde, porém, aquém do esperado inicialmente. Os números ainda estão sendo finalizados, mas no Rio Grande do Sul, onde a colheita atingia a 97% da área até o dia 25/11, havia regiões apresentando problemas de produtividade e qualidade do grão, assim como houve no Paraná. No geral, em termos de país, a produção deve ficar entre 6,8 e 7,0 milhões de toneladas, contra projeções que chegavam a 7,7 a 8 milhões de toneladas.

Os problemas climáticos durante a safra foram diversos, impedindo melhores resultados, além de prejudicarem a qualidade do grão em muitas regiões. Mesmo com maior oferta de produto no mercado interno, os preços permanecem
firmes, já que o câmbio continua deixando as importações bastante caras, especialmente nas últimas semanas em que os preços internacionais se elevaram muito, puxados por Chicago. Assim, o balizador do preço do cereal, a partir de agora, passa a ser particularmente a paridade de importação. Vale salientar que os derivados de trigo, no mercado brasileiro, estão em queda, pois a demanda diminuiu devido a crise econômica interna. O fato de ter havido triguilho novamente ajudou a pressionar para baixo os preços do milho, pois o mesmo sofreu concorrência na fabricação das rações.

Enfim, o Rio Grande do Sul deverá, novamente, exportar bastante trigo se quiser manter os atuais preços, enquanto o aumento dos custos de produção, sem um novo aumento nos preços do cereal para 2022 (o que nos parece muito difícil) deverá levar a uma importante redução de área semeada com o cereal na próxima safra. Especialmente se a pressão interna de oferta começar a trazer os preços locais para níveis mais baixos na virada do ano.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.