A experiência humana segue central nas decisões do campo

A discussão sobre o uso da inteligência artificial no campo tem ganhado espaço, especialmente diante da promessa de maior eficiência e automação nas lavouras. A avaliação é de Welson Perli Pereira, consultor técnico e técnico agrícola, que há uma década acompanha de perto a troca de informações entre produtores de tomate em um grande grupo colaborativo.

Ao longo dos últimos dez anos, o Grupo Tomate Brasil acumulou cerca de 169 mil mensagens e um vasto acervo de imagens de folhas, raízes e frutos, formando o que Welson define como o maior conjunto de dados práticos sobre tomate no país. Apesar da capacidade da inteligência artificial de processar bilhões de informações em segundos, ele avalia que a tecnologia não substitui a experiência humana no campo. Para o consultor, a diferença central está entre dados e sabedoria. Enquanto sistemas automatizados respondem rapidamente a perguntas técnicas, a produção agrícola depende de contexto, clima, território e risco financeiro.

Segundo ele, as interações entre produtores vão além de recomendações técnicas e refletem vivências reais, marcadas por erros, acertos e consequências diretas na renda das famílias. Esse fator cria um filtro natural de qualidade da informação, baseado na sobrevivência econômica, algo que algoritmos não conseguem reproduzir. Welson destaca ainda a importância da inteligência emocional coletiva, presente nas decisões compartilhadas sobre manejo e comercialização, em um ambiente onde produtores lidam diariamente com múltiplas variáveis e forte pressão.

Na visão do consultor, o futuro da agricultura será híbrido, com a tecnologia atuando como ferramenta de apoio. Ele afirma que a inteligência artificial pode organizar dados e agilizar análises, mas a decisão final continuará nas mãos de quem sente o clima, o mercado e a realidade do campo. Para Welson, a experiência humana conectada em rede forma um sistema vivo que nenhuma máquina é capaz de substituir.