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Abitrigo é contra trigo geneticamente modificado

Entidade entrou em contato com órgãos internacionais e consumidores e avaliou que não há benefícios


Foto: Marcel Oliveira

O trigo transgênico é proibido no Brasil mas o país importa grande parte do cereal da vizinha Argentina onde houve a liberação para comercialização do trigo geneticamente modificado (trigo GM). O país é o primeiro país a permitir a comercialização de trigo transgênico no mundo. Os hermanos aguardam a aprovação brasileira para que o produto venha para cá.

Em nota a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), representante da indústria de produção de farinhas e derivados do trigo, se posicionou contrária à medida e explicou os motivos.  A entidade avalia que o assunto é analisado pela comunidade científica internacional há três décadas em países como Canadá, Estados Unidos, Austrália e Comunidade Européia, onde o consumo per capita supera em duas vezes o consumo brasileiro. Os resultados determinaram a não aprovação de utilização de trigo GM “por não serem identificados benefícios evidentes às pessoas, sendo objeto exclusivo de busca de aumento de produtividade do campo”.

Há apenas duas variedades de trigo geneticamente modificado no mundo, sendo uma nos Estados Unidos em 2004 e esta na Argentina. Em uma pesquisa feita com moageiros brasileiros, a Abitrigo destaca que 85% não foram favoráveis à utilização de trigo GM e 90% informaram estar dispostos a interromper suas compras de trigo argentino, caso se inicie a produção comercial naquele país e sua exportação para o Brasil. Os consumidores também se posicionaram contrários. A entidade ainda conversou com representantes da cadeia do trigo argentino que também se mostraram contrárias à produção transgênica. 

Por fim destaca que sendo autorizada a comercialização pelo Brasil, importantes custos de controle serão agregados ao processo de importação, que terão consequências sobre os preços aos consumidores. “À luz de todos esses fatos, a Abitrigo vem a público manifestar sua posição contrária à utilização desta fonte alternativa de geração de alimentos”, diz a nota. No mesmo sentido, a Associação deverá solicitar às entidades governamentais brasileiras que não autorizem a comercialização desses produtos no Brasil.

Em 2019 o Brasil importou da Argentina 45% das 11,3 milhões de toneladas de trigo exportadas por aquele país que é o quarto maior exportador de trigo do mundo. A variedade transgênica em questão é a chamada "HB4", resistente à seca que foi desenvolvida pela empresa argentina de biotecnologia Bioceres, em colaboração com a Universidade Nacional do Litoral e o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas. Segundo o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino (Senasa) "não foram constatadas objeções científicas à sua aprovação do ponto de vista da adequação alimentar humana e animal".
 

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