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Agricultores paulistas apostam em nova variedade de uva

Agricultores paulistas, que apostam em uma nova variedade de uva, usam uma técnica que inverteu o ciclo de produção da fruta


A aposta no cultivo de uma nova variedade de uva, própria para vinho, cria expectativa de bons lucros para os agricultores de São Paulo. Para garantir o sucesso, eles usam uma técnica que inverteu o ciclo de produção da fruta.

Em pleno inverno, as uvas amadurecendo nos pés são uma novidade em Louveira, no centro-leste de São Paulo. O município é produtor das variedades de mesa colhidas em períodos mais quentes. Mas alguns agricultores começam a mudar essa tradição.

O agricultor Daniel Miqueletto viajou o mundo atrás de uma uva indicada para vinho, mas que se adaptasse às condições de Louveira e pudesse produzir nos meses mais frios do ano. Ele acabou escolhendo a variedade cirra. “O desafio é ter uma fruta de qualidade que a gente possa, no futuro, levar produtos diferenciados que expressem todo o potencial do solo e do clima”, disse.

Três anos depois de iniciar a busca, ele ainda continua fazendo experiências. O agrônomo do IAC, Instituto Agronômico de Campinas, Mário José Pedro Júnior explicou a vantagem de produzir a uva para vinho no inverno. “Nessa época do ano, quando a gente espera que esse tipo de uva de vinho venha maturar, ela deve maturar com bastante sol, bastante diferença de temperatura entre o dia e a noite e, principalmente, sem chuva no mês de maturação”, disse.

Segundo os pesquisadores, é a baixa umidade do inverno paulista que deve provocar o aumento do teor de brix da uva, ou seja, o índice de açúcar. O agricultor Antônio José Benvegnu também recebeu orientações técnicas e aposta na novidade. Com 50 anos de experiência no cultivo de uvas; ele assume que não conhecia essa variedade, mas está animado com os resultados prometidos.

“Se a uva atingir o brix normal de 23 a 24, eu posso com uma caixa de uva fazer cinco garrafas de vinho e vender cada uma por R$ 20. Eu vou agregar muito valor”, avaliou seu Antônio.

O grande diferencial para que seja possível o cultivo desta uva no Estado de São Paulo é o que os técnicos chamam de pode extemporânea, ou seja, a poda fora de época, feita obrigatoriamente duas vezes ano.

O primeiro corte dos galhos é feito entre os meses de julho e agosto, logo após a colheita. Cerca de um mês depois, novos cachos começam a brotar. Em janeiro, é realizada a segunda poda. Mas, desta vez, os frutos são mantidos, visando a produtividade. Então, basta esperar a colheita no inverno.

Segundo o IAC, durante os meses de junho e julho chove uma média de dez dias. Neste ano, o inverno está atípico. Até agora, já foram 20 dias de chuva. Mesmo com as variações, a expectativa dos produtores é de bons resultados.

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