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Agricultura paulista muda com criação de novas fronteiras

Produção de grãos e de cana avança sobre os pastos e põe em risco as lavouras de subsistência


Produção de grãos e de cana avança sobre os pastos e põe em risco as lavouras de subsistência. Os números exibem os contrastes. A agricultura paulista se divide entre a extrema eficiência e a baixa produtividade, resultado de uma atividade incipiente, às vezes insuficiente até para garantir a subsistência do pequeno produto rural. A cada 10 copos de suco de laranja consumidos no mundo, cinco foram produzidos em São Paulo. Entretanto, a pecuária paulista apresenta números incompatíveis com o grau de desenvolvimento do estado: em cada hectare é mantida apenas 1,4 cabeça de gado.

Com o avanço do agronegócio no Brasil, esse desequilíbrio se acentua e oferece novas perspectivas para a atividade paulista, com substancial alteração da estrutura da agricultura paulista. A produção empresarial avança sobre áreas até então ocupadas por culturas de subsistência ou sobre a pecuária incipiente. O secretária da Agricultura de São Paulo, Duarte Nogueira, concorda que surgem novas fronteiras agrícolas. E isso é extremamente positivo porque ocorre num estado com infra-estrutura desenvolvida e com o maior mercado consumidor do País, o que é uma grande atração para os investidores.

São Paulo dispõe de uma área agricultável de 18 milhões de hectares, dos quais 10 milhões são ocupados por pastagem. A produção de cana ocupa outros 3,45 milhões de hectares. O restante é dividido entre citricultura, cafeicultura, produção de grãos, fibras e de frutas. A elevada extensão dos pastos é um atrativo para a expansão de atividades cujos resultados financeiros crescem de forma acelerada, como cana, laranja e a produção de grãos.

Para Duarte Nogueira, essa transformação representa um desafio, que tem de ser superado por meio de políticas públicas. Isso, para ele, implica em apoio tecnológico e recursos financeiros. A disseminação do seguro rural, a implantação das microbacias e a assistência técnicas para a fixação do pequeno agricultor no campo são alguns dos instrumentos a serem adotados pelo Estado.

Para ele, a expansão da agricultura empresarial não está ocorrendo por conta da exclusão do pequeno produtor. Diz que as áreas da pecuária estão sendo liberadas porque está havendo um melhor aproveitamento dos pastos. A expansão da produção é desejável, uma vez que o consumo paulista de grãos supera a produção em quase 2 milhões de toneladas. Isso, segundo declara, encarece a produção de carnes no estado. "O crescimento da oferta interna de grãos melhora a competitividade paulista no setor de carnes", afirma o secretário.

Avanço da cana

O avanço da cana e os elevados investimentos para a produção de álcool e açúcar é mais evidente na Alta Paulista e Alta Noroeste. Estão previstos investimentos estimados de R$ 20 bilhões até 2010 para a instalação de pelo menos 30 novas usinas naquelas regiões. Muitas dessas usinas deverão plantar suas próprias lavouras de cana, o que deverá levá-las a arrendar as terras próximas às plantas industriais.

Duarte Nogueira acredita ser possível a convivência das grandes culturas, como de cana e de laranja, com as lavouras de subsistência. O secretário não vê risco de os pequenos produtores serem empurrados para as cidades, atraídos pela oferta em dinheiro para a compra de suas propriedades, ou mesmo, pela renda fácil do arrendamento. O secretário concorda que as cidades não dispõem de infra-estrutura para absorver essa parcela da população rural e que o sucesso do agronegócio representa uma ameaça. Mas poderá ser atenuada por meio de um planejamento estratégico e a oferta de oportunidades.

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