Os maiores índices de consumo no mundo estão na Finlândia, Suécia e Dinamarca. Ao contrário do que se poderia imaginar, cerveja não é a bebida preferida dos alemães. "Aqui, bebemos mais café que cerveja", diz Winfried Tigges, presidente da Deutscher Kaffeeverband, poderosa associação da indústria de torrefação da Alemanha, localizada em Hamburgo.
De acordo com a entidade, os alemães consomem, por ano, 158 litros de café, em relação a 130 litros de água e 120 litros de cerveja. No Brasil, o consumo é de 97 litros de café per capita ano. Se o resto do mundo consumisse tanto café quanto os alemães, certamente haveria uma crise, mas de preços altos", avalia Tigges.
Nos últimos quatro anos, os preços internacionais do café atingiram baixas históricas no mercado internacional. Para Tigges, a saída para esta crise está na produção de cafés sustentáveis (orgânicos, por exemplo) e no estímulo ao consumo na Ásia e Leste Europeu, mas também em países produtores como o Brasil e o Vietnã.
Tigges entende, por exemplo, que boa parte da atual crise internacional de preços é resultado do aumento da produção do Brasil e do Vietnã. O Vietnã, que praticamente não produzia café há uma década, tornou-se o segundo maior produtor mundial da commodity. O Brasil, por sua vez, se transformou num "fornecedor de alta produtividade". Ou seja, nos últimos anos as lavouras de café do Brasil migraram para áreas livres de geadas, a mecanização avançou na colheita, o plantio passou a ser feito em áreas de irrigação, com o uso de variedades altamente produtivas.
Valor agregado
"A produção brasileira cresceu graças ao emprego de tecnologia e novas técnicas de manejo. O consumo, no entanto, estagnou. E o caso do Vietnã é ainda pior: tornou-se o segundo maior produtor mundial sem consumir uma única xícara, já que a bebida preferida dos vietnamitas ainda é o chá", diz. "Acho que a indústria local, e os próprios produtores, poderiam empregar ações de marketing para incentivar o consumo", afirma.
Investir em nichos, como a produção de café orgânico ou café "fair trade" (politicamente correto) é alternativa, ainda que esses mercados sejam limitados , diz o executivo. Ele não acredita, por exemplo, que o consumo de cafés sustentáveis seja uma tendência na Alemanha ou em qualquer lugar da Europa. "O café politicamente correto e o café orgânico têm, cada um, participação de 1% no mercado. Sendo realista, acho que esses produtos têm potencial para conquistar até 2% do consumo", afirma.
Tigges vê potencial de crescimento em outros países, como Estados Unidos e o próprio Brasil. "Em qualquer mercado há um segmento de consumidores que busca produtos premium. Basta encontrar o marketing correto para chamar sua atenção", afirma. Na Alemanha, por exemplo, o apelo do café politicamente correto é de cunho social.
Os alemães gostam de saber que estão bebendo um café produzido em condições justas, ou seja, que o cafeicultor está recebendo um preço justo pelo seu trabalho, que não há trabalho escravo envolvido", diz Tigges. No caso do café orgânico, o apelo é a saudabilidade do produto. Na Alemanha encontra-se cafés sustentáveis em qualquer supermercado. Tigges diz que o cafeicultor deve buscar produzir não somente uma commodity, mas um produto diferenciado.
De acordo com a consultoria brasileira Coffee Business, 1 milhão de agricultores em todo o mundo produzem cafés sustentáveis (orgânicos ou politicamente corretos). Os maiores índices de consumo estão na Finlândia, Suécia e Dinamarca.
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