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Algodão: Prontos para retaliações

Discussão sobre o contencioso foi realizada sexta-feira(13), em Cuiabá, como um dos painéis do II workshop do algodão adensado


Camex apresentou na sexta-feira(13), em Cuiabá, detalhes dos desagravos que serão impostos ao governo norte-americano. MT é o maior produtor do Brasil

A secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Lytha Battiston Spíndola, anunciou ontem em Cuiabá que as retaliações comerciais brasileiras contra os Estados Unidos, em razão dos subsídios concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão, poderão alcançar a cifra de US$ 900 milhões. Ela informou que uma lista de 222 itens comerciais sujeitos a entrar na lista de retaliações já foi elaborada pela Camex. Os detalhes de como esta retaliação será posta em prática vão ser definidos até o final do ano.

Lytha Battiston veio a Cuiabá para participar de um workshop sobre algodão e, falando durante o painel "Contencioso do Algodão na OMC (Organização Mundial do Comércio)", no Centro de Eventos do Pantanal, foi enfática: "Demos um tempo para que os Estados Unidos tomassem uma providência. Como não houve movimento de retirada dos subsídios, estamos prontos para iniciar o processo de retaliação".

A secretária executiva da Camex revelou que a primeira parcela da retaliação será em bens, no valor de até US$ 460 milhões. "O que passar desse valor será em propriedade intelectual e de serviços, até o montante de US$ 900 milhões" (cerca de R$ 1,53 bilhão), explicou ela.

Lytha comentou que cerca de 400 pedidos de investigação de subsídios chegaram a estar em curso na OMC. "Desses, apenas oito tiveram êxito, sendo que mais da metade não surtiu efeito prático. A vitória que tivemos na OMC foi simbólica, porém com fundamento econômico muito forte perante a comunidade internacional".

O parecer favorável ao Brasil, segundo ela, mostra que o trabalho realizado por toda a cadeia do setor, com o apoio do governo federal, deu resultado. "Agora precisamos levar as retaliações de forma séria e responsável e fazer com que elas tragam ao Brasil a devida compensação dos prejuízos que tivemos ao longo dos últimos anos".

Os prejuízos à cotonicultura nacional, segundo o setor, são conseqüência dos valores (subsídios) pagos pelo governo norte-americano aos seus produtores. Como recebiam para plantar, eles podiam vender e exportar a pluma a preços muito abaixo do mercado e diante disso, desequilibrando, por anos, as cotações.

PREJUÍZO - Em um cálculo sobre o montante dos prejuízos aos produtores brasileiros, entidades ligadas ao setor algodoeiro chegaram à conclusão de que só com exportações as perdas totalizam a cifra de US$ 220 milhões por ano. Se levados em conta os prejuízos no mercado interno decorrentes dos preços internacionais, o montante salta para US$ 704 milhões.

No caso de Mato Grosso, as perdas com exportações causadas pela concessão dos subsídios norte-americanos é de US$ 110 milhões por safra. Considerando a comercialização da safra no mercado interno, os números saltam para US$ 350 milhões.

Lytha Battiston lembrou que se o Brasil não enfrentasse esses subsídios, poderia ter uma posição mais privilegiada em nível mundial. Mas fez questão de deixar claro que o governo brasileiro preferia que os Estados Unidos suspendessem a prática, ao invés de ter de adotar retaliações contra o país de Barack Obama.

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