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Análise acha pragas em sementes não solicitadas

Ministério da Agricultura já detectou fungos, bactérias, ácaros e pragas quarentenárias em amostras


Foto: Divulgação

O Ministério da Agricultura concedeu na manhã desta terça-feira (6) uma coletiva de imprensa para falar do recebimento de sementes não solicitadas e os resultados preliminares.

Até o momento o Correio de Curitiba (PR), unidade de recebe e analisa pacotes do exterior de menor peso, interceptou 33.700 amostras de sementes. Destas 26.111 foram destruídas e 2.333 devolvidas. A diferença corresponde a amostras de outros elementos. Todos os pacotes têm origem de países asiáticos, em sua maioria a China. O número de apreensões neste ano cresceu 150% na unidade paranaense.

Além desses pacotes interceptados muitas pessoas receberam esses pacotes junto com compras vindas de países asiáticos ou até sem ter havido nenhuma compra. Essas sementes que vem como “brindes” devem ser encaminhadas para as unidades estaduais responsáveis e, posteriormente, seguem para o Laboratório de Defesa Agropecuária de Goiânia para análise criteriosa como microscopia e sequenciamento genético. “A pessoa que receber deve saber que á risco real para a agricultura e talvez tenha risco à saúde humana porque não sabemos os químicos que envolve”, destacou o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal.

O risco é desconhecido e o alerta é máximo

As análises preliminares mostram que há perigos reais para a agricultura como a entrada de pragas e doenças. Até o momento 25 estados enviaram amostras para o Mapa. Somente Amazonas e Maranhão ainda não têm registro. São 258 pacotes. Das 39 amostras em análise 1 amostra foi detectada com ácaro vivo e 2 amostras com bactéria; De outras 25 amostras 3 foram identificadas com fungos diferentes e de 17 amostras sequenciadas 4 delas têm possibilidade de pragas quarentenárias, provavelmente ervas daninhas.

“Já pudemos comprovar a alta capacidade que estas sementes têm de instalar pragas e doenças. O risco total ainda é desconhecido mas o alerta é máximo. Pedimos que as pessoas não descartem no lixo, não abram e mantenham a embalagem original”, pediu o Diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luis Ravagnani Vargas.

A prática de brushing não está descartada e é a hipótese mais provável. A medida consiste em enviar amostras não-solicitadas de produtos aos clientes para aumentar a reputação virtual no e-commerce para incentivar mais compras. A estratégia comercial é considerada crime mas é muito comum em gigantes do comércio eletrônico. “É a hipótese mais provável mas ainda vamos analisar todas as amostras para ver realmente do que se trata”, enfatizou o Diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart.

A investigação segue apenas na escala administrativa do Mapa e não há informações de que tenha sido uma ação intencional. Até o momento não há nenhuma amostra recebida  que tenha por origem o Brasil. Países como Chile, Estados Unidos, Canadá e europeus também receberam amostras de origem asiática.

Importação deve seguir regras

O Mapa ainda alertou para os procedimentos corretos de entrada de sementes do exterior no Brasil. Materiais vegetais como mudas e sementes devem seguir os requisitos de fitossanidade, qualidade e identidade. Somente podem ser importadas de destinos onde o Brasil já estabeleceu regras de fitossanidade e as espécies ou cultivares devem estar inscritas no Registro Nacional de Cultivares (RNC).

Pessoas físicas ou jurídicas que pretendem importar material de propagação devem estar inscritas no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM). Estão isentos desse registro as pessoas físicas e jurídicas que pretendem importar para uso próprio em sua propriedade ou em propriedade que detenham a posse, devendo, entretanto, atender às mesmas exigências para importação que dizem respeito à origem e espécies autorizadas, bem como requisitos a serem cumpridos.

Os interessados em importar devem solicitar autorização estadual e seguir as regras e passar por uma fiscalização fitossanitária. A introdução de uma praga e sua disseminação no país é tipificada como crime ambiental.

O Brasil já teve alguns casos que causaram grandes danos à produção. Em 1989 a entrada da “vassoura de bruxa” nas lavouras de cacau do sul da Bahia dizimou todo o setor produtivo e a economia da região. Por causa dessa praga, o Brasil passou de exportador para importador de cacau.
 

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