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Análise de mercado da soja

Com a colheita estadunidense finalizada, o mercado se volta para o clima e o plantio da América do Sul


Foto: Divulgação

As cotações da soja em Chicago, após se aproximarem dos US$ 12,00/bushel nas últimas duas semanas, acabaram sofrendo forte correção baixista na presente semana, com o bushel, para o primeiro mês cotado, chegando a US$ 11,53 no dia 02/12. No dia seguinte houve novo repique altista e o fechamento da quinta-feira (03) acabou se fixando em US$ 11,68/bushel, contra US$ 11,84 uma semana antes.

Com a colheita estadunidense finalizada, o mercado se volta para o clima e o plantio da América do Sul, e as exportações da oleaginosa pelos EUA. Neste último caso, as vendas de soja na semana anterior atingiram a 768.100 toneladas, ficando nas mínimas do ano comercial. O volume é 47% menor do que a
média das quatro semanas anteriores. Em todo o ano comercial as vendas de soja somam 51,9 milhões de toneladas, contra um total final projetado de 59,9 milhões de toneladas. Um ano atrás o total acumulado era ao redor de 25 milhões de toneladas. Já na semana encerrada em 26/11, os EUA efetivamente embarcaram 2,04 milhões de toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. No atual ano comercial, iniciado em 1º de setembro, os EUA já embarcaram 26,7 milhões de toneladas, contra algo ao redor de 15 milhões no ano anterior na mesma época.

Dito isso, o mercado espera agora o novo relatório de oferta e demanda do USDA, o qual está previsto para o dia 10 de dezembro. Paralelamente, o clima político e comercial entre EUA e China voltou a piorar. Os EUA acusam os chineses de manipular o câmbio, a fim de se tornarem mais competitivos, enquanto os asiáticos contestam as acusações e preparariam represálias comerciais, especialmente na área industrial e empresarial.

Esta situação tende a se diluir com a chegada do novo presidente estadunidense, em 20 de janeiro, porém, os efeitos sobre o mercado podem permanecer por mais tempo. Isso poderá beneficiar o Brasil quando do início de sua nova colheita de soja, a partir de fevereiro.

Aqui no Brasil os preços da soja voltaram a recuar e, em alguns casos, de forma até importante, com perdas entre 5 a 10 reais por saco. Este recuo se deve, além da perda momentânea de fôlego das cotações em Chicago, à nova revalorização do Real, o qual chegou a bater em R$ 5,22 por dólar na quarta-feira (02/12). Os prêmios nos portos, mesmo que interessantes, não são suficientes para segurar os preços que, convenhamos, estavam fora do contexto normal de nosso mercado, fato que nos fez alertar neste espaço para um recuo provável dos mesmos. Somou-se a esses fatores a chegada de navios com soja importada. Em Paranaguá, pela primeira vez em 10 anos, chegou um navio com soja dos EUA dentro da janela de retirada da TEC do Mercosul criada pelo governo brasileiro. O mesmo teria sido fretado pela multinacional Louis Dreyfus, trazendo 30.500 toneladas de soja, sendo o maior volume originado nos EUA comprado pelo Brasil desde 1997. Entre janeiro e outubro deste ano o Brasil já importou 625.500 toneladas, sendo que a maior parte veio do Paraguai e alguma coisa do Uruguai. 

Desta forma, os preços da soja no balcão gaúcho fecharam a semana na média de R$ 145,62/saco, com praças de referência praticando R$ 140,00/saco. Nas demais praças nacionais os preços da oleaginosa assim ficaram neste final de semana: entre R$ 143,00 e R$ 144,00 no Paraná; R$ 158,00 em Campo Novo do Parecis (MT); R$ 150,00 no CIF Maracaju (MS); R$ 149,00 em Rio Verde (GO); e ainda R$ 160,00/saco em Luís Eduardo Magalhães (BA). Ao mesmo tempo, diferentes analistas começam a rever suas projeções para a futura safra de soja brasileira, já contabilizando o clima mais seco deste início de plantio.

Todavia, não há unanimidade nestas projeções. Enquanto a ARC Mercosul avança o número de 128,4 milhões de toneladas para 2020/21, em função de redução na área projetada e do clima. Já a Pátria Agronegócios avança um volume de 129,1 milhões de toneladas, a Terra Agronegócios fala em 131,5 milhões, a Datagro projeta 135 milhões de toneladas, a StoneX calcula 133,9 milhões, e a Agroconsult avança uma projeção de safra em 133,2 milhões de toneladas, porém, alerta que este número poderá baixar dependendo dos resultados do Rally da Safra que ela promove a partir das próximas semanas. 

Por outro lado, o plantio de soja aqui no Brasil atingiu a 86% da área esperada em 27/11. O Mato Grosso praticamente concluiu a semeadura enquanto o Rio Grande do Sul atingia a apenas 47% da área esperada, contra 78% na média histórica. A seca entre setembro e o final de novembro atrasou o mesmo. Espera-se que este plantio, com o retorno das chuvas nestes últimos dias, avance suficientemente para compensar o atraso. Já no Paraná, onde o plantio igualmente estaria encerrado, 72% das lavouras de soja estão em boas condições, contra 81% na mesma época do ano passado.

Enfim, quanto as exportações, as mesmas diminuem sensivelmente no final do ano, não havendo praticamente nenhum navio embarcado com soja nesta primeira quinzena de dezembro, após vendermos 834.496 toneladas de soja em novembro, contra cerca de 4 milhões de toneladas em novembro de 2019.

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