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Análise de mercado da soja

Enquanto parte do Brasil parou, devido ao Carnaval, o mundo continuou a enfrentar os efeitos da guerra provocada pela Rússia, contra a Ucrânia


Foto: Divulgação

Enquanto parte do Brasil parou, devido ao Carnaval, o mundo continuou a enfrentar os efeitos da guerra provocada pela Rússia, contra a Ucrânia. E estes efeitos, durante esta semana, provocaram grandes oscilações na Bolsa de Chicago. No caso da soja, o primeiro mês cotado saiu de US$ 15,90/bushel no dia 25/02, para US$ 17,05 três dias úteis depois, se aproximando do recorde histórico visto em setembro de 2012.

Posteriormente, as cotações cederam um pouco, porém, permanecendo em níveis muito elevados e fora da realidade não fosse a guerra. Assim, no momento em que o conflito terminar, e um dia termina, as cotações tendem a recuar bastante, ficando principalmente sob o efeito das perdas na América do Sul, das decisões de plantio da nova safra nos EUA e do movimento dos fundos especulativos a partir da nova realidade.

Dito isso, o fechamento desta quinta-feira (03/03), em Chicago, ficou em US$ 16,80/bushel, contra US$ 15,90 uma semana antes, ganhando quase um dólar em cinco dias úteis. Por sua vez, a média do mês de fevereiro fechou em US$ 15,88/bushel, superando em 13,4% a média de janeiro. Lembrando que um ano antes (fevereiro/21) a média mensal havia sido de US$ 13,82/bushel.

Neste contexto, além dos efeitos nefastos da guerra, os quais elevaram especialmente o valor do óleo de soja em Chicago, o qual bateu em 79,54 centavos de dólar por librapeso no dia 02/03, atingindo recordes históricos naquela Bolsa, ajudando a puxar para cima o preço do grão, outros fatos ocorreram durante a semana. Dentre eles, os efeitos do anúncio do conhecido relatório do Fórum Outlook do USDA, ocorrido nos dias 24 e 25 de fevereiro passado. O mesmo trouxe a informação de que se projeta um aumento de área para a soja neste ano nos EUA, com a mesma chegando a 35,61 milhões de hectares, contra 35,29 milhões no ano anterior. Em clima normal, esta área poderá levar a uma produção recorde nos EUA em 2022/23, com a mesma ultrapassando as 120 milhões de toneladas.

Aqui no Brasil, onde a semana de fato de iniciou no dia 02/03, os preços subiram mais um pouco, também puxados pela leve desvalorização do Real devido ao conflito no Leste Europeu, com o mesmo oscilando entre R$ 5,10 e R$ 5,16 por dólar, após ter chegado a R$ 5,00 na semana anterior ao início da guerra (durante o pregão do dia 03/03 o mesmo já estava em R$ 5,03). Assim, a média gaúcha no balcão fechou a corrente semana em R$ 197,54/saco, com as regiões próximas aos portos de exportação registrando até R$ 206,00/saco. Nas demais praças nacionais o preço girou entre R$ 174,00 e R$ 197,00/saco.

Enquanto isso, a colheita no Brasil teria atingido a 44% da área até o início da presente semana, contra 25% em igual momento do ano passado. (cf. AgRural) Além das perdas, há muitos problemas de qualidade nos grãos colhidos em diversas regiões do país. O retorno da chuva em regiões do Sul, durante os dias de Carnaval, pode ajudar as lavouras semeadas mais tardiamente. Alguns produtores gaúchos estariam plantando soja neste início de março, após estas chuvas, apostando que o resultado final possa ser melhor do que a safra normal.

Por outro lado, a safra brasileira total de soja voltou a ser reduzida. Agora, a mesma está sendo estimada em 121,2 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul, por exemplo, deve colher somente 8,9 milhões de toneladas, contra quase 20 milhões previstos no início do plantio. Com isso, igualmente as estimativas de exportação da oleaginosa brasileira recuam para o corrente ano. As mesmas devem recuar para 75 milhões de toneladas, contra 92,1 milhões em 2019/20 (recorde), com o consumo interno caindo para 47,8 milhões. (cf. StoneX)

Este número de exportação tem estimativas varíáveis, conforme a fonte pesquisada. Por exemplo, Safras & Mercado ainda espera vendas externas de 80,5 milhões de toneladas de soja em 2022. Esta mesma fonte aponta para um esmagamento de 47,5 milhões de toneladas no Brasil e importações de um milhão de toneladas no corrente ano. Por sua vez, Safras ainda trabalha com uma produção de farelo de 36,5 milhões de toneladas neste ano no Brasil, com aumento de 3% sobre o ano anterior. As exportações do subproduto ficariam em 18,2 milhões, com aumento de 6%, enquanto o consumo interno se estabeleceria em 18,3 milhões. Já a produção de óleo de soja somaria 9,65 milhões de toneladas, com o país exportando 1,7 milhão, ou seja, 3% acima do ano anterior. O consumo interno deve cair 2%, ficando em 8 milhões de toneladas, enquanto o uso para biodiesel também cairá 2%, ficando em 4,1 milhões de toneladas.

Ainda em relação às exportações brasileiras de soja, a Anec estima que, em março, o Brasil escoe para o exterior 11,8 milhões de toneladas de soja, contra 15 milhões embarcadas um ano antes. Por sua vez, o Brasil teria exportado 9,39 milhões de toneladas em fevereiro, estabelecendo novo recorde para aquele mês, sendo o volume 70% acima do exportado em fevereiro de 2021. Para o farelo de soja estimam-se exportações de 1,45 milhão de toneladas em março, contra 1,69 milhão em fevereiro e 1,27 milhão em março de 2021.

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