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Análise de mercado da soja

As cotações da soja, em Chicago, se mantiveram firmes e com viés de alta durante esta semana, recuperando-se das baixas da semana anterior. O bushel da oleaginosa chegou a bater em US$ 17,18 no dia 23/03, o segundo maior valor da história


Foto: Expodireto Cotrijal

As cotações da soja, em Chicago, se mantiveram firmes e com viés de alta durante esta semana, recuperando-se das baixas da semana anterior. O bushel da oleaginosa chegou a bater em US$ 17,18 no dia 23/03, o segundo maior valor da história. No dia seguinte, 24/03, o mercado auferiu lucros e as cotações recuaram um pouco, com o bushel fechando o dia em US$ 17,00, para o primeiro mês cotado, contra US$ 16,68 uma semana antes. A firmeza do farelo e do óleo ajudam igualmente a puxar para cima os preços da oleaginosa, assim como o fato de o Brasil, em particular, e a América do Sul, em geral, possuírem menos soja a ofertar neste ano devido a forte seca que se abateu sobre grande parte da região, que é a maior produtora de soja do mundo.

Dito isso, na semana encerrada em 17/03, os embarques de soja por parte dos EUA atingiram 544.986 toneladas, ficando próximos do nível mínimo esperado pelo mercado. Em todo o ano comercial até agora computado, as vendas estadunidenses de soja atingem a 42,7 milhões de toneladas, contra 53 milhões no mesmo período do ano anterior. Por sua vez, na Argentina, conforme indicamos no comentário passado, o governo local oficializou o aumento da tarifa de exportação (as retenciones) sobre as exportações de farelo e óleo de soja, passando a mesma para 33%, contra 31% anteriormente, igualando-as com o aplicado sobre o grão exportado. Por enquanto, a medida é temporária, devendo durar até o dia 31 de dezembro próximo. A ideia é segurar os produtos no mercado interno visando contribuir para a redução da inflação argentina, que ultrapassa, neste momento, os 50% anuais. O aumento da tarifa deve levar o governo argentino a arrecadar adicionalmente US$ 425 milhões, valor que ele espera utilizar para reduzir o custo da alimentação para os setores de baixa renda daquele país.

Obviamente, este movimento de alta das tarifas tira renda dos produtores de soja, pois os mesmos deixam de receber o preço integral praticado no mercado internacional quando da venda do seu produto. Especialmente em um ano em que já existem perdas importantes devido a seca. Além disso, o aumento da tarifa pode reduzir ainda mais o volume exportado dos subprodutos da soja pela Argentina, fato que provoca altas igualmente em Chicago. Enfim, Chicago está na expectativa de dois relatórios tradicionais que saem no dia 31/03. O da intenção de plantio da nova safra estadunidense, onde as primeiras projeções dão conta de um aumento na área semeada com soja nos EUA, e o relatório de estoques trimestrais, na posição 1º de março, que podem vir mais reduzidos do que o esperado. Os mesmos serão assunto de nosso próximo comentário.

E aqui no Brasil, com o câmbio caindo para as mínimas de alguns anos, onde o Real bateu em R$ 4,80 por dólar nesta semana, os preços da soja recuaram. Nas principais praças gaúchas o recuo chegou a ser de sete reais por saco, e até mais, com o produto vindo novamente entre R$ 195,00 e R$ 197,00/saco. Já a média gaúcha, no balcão, ficou ainda elevada, registrando R$ 203,76/saco. Nas demais praças nacionais a soja oscilou entre R$ 177,00 e R$ 191,00/saco. Outro fator que joga contra os preços pagos aos produtores é o aumento no custo do frete, o qual é descontado do preço final pago aos mesmos.

Vale destacar que igualmente o farelo e o óleo de soja, no mercado interno, estão com preços elevados, diante da forte demanda interna e externa. Neste último caso, a redução da presença argentina, o maior exportador mundial dos subprodutos, abre certo espaço ao produto brasileiro. Por outro lado, a colheita da soja no Rio Grande do Sul chegava a 10% da área neste início de semana, com uma produtividade média muito baixa, girando entre 10 e 20 sacos por hectare. (cf. Emater) No Paraná, a colheita atingia a 75% da área, com as perdas se consolidando em pouco mais de 40% do esperado neste momento.

Em termos gerais do Brasil a colheita atingia a 72% da área total neste início de semana, contra 66,2% na média histórica. O total esperado para a produção brasileira é de 122 milhões de toneladas. Além do Rio Grande do Sul e do Paraná, já citados, a Bahia havia colhido 46% de sua área, o Piauí pouco mais de 40% e o Maranhão alcançava 50%. Nos principais Estados do Centro-Oeste a colheita estaria praticamente finalizada. (cf. AgRural) É importante destacar que há, em muitos casos, baixa qualidade do grão colhido.

Enfim, as exportações brasileiras de soja, em março, devem alcançar 12,9 milhões de toneladas segundo novas projeções da Anec. Em se confirmando este volume, o mesmo será cerca de dois milhões de toneladas menor do que o registrado em março de 2021. Já os embarques de farelo de soja deverão ficar em 1,8 milhão de toneladas, superando o 1,27 milhão exportado no mesmo mês do ano passado.

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