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Análise de mercado da soja

As cotações da soja, em Chicago, cederam nesta semana. O fechamento desta quinta-feira (05), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 16,78/bushel, contra US$ 17,06 uma semana antes


Foto: Divulgação

As cotações da soja, em Chicago, cederam nesta semana. O fechamento desta quinta-feira (05), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 16,78/bushel, contra US$ 17,06 uma semana antes. A registrar que a média de abril ficou em US$ 16,82/bushel, com um aumento de apenas 0,18% sobre a média de março. Lembrando que em abril de 2021 a média do mês foi de US$ 14,65/bushel.

Dito isso, o plantio nos EUA avançou no final de abril, com o USDA indicando que, até o dia 01/05, o mesmo atingia a 8% da área esperada. Mesmo assim, tal plantio está atrasado, já que no ano passado, nesta data, chegava a 22% e a média histórica é de 13%. Na prática, ajustes técnicos, com compras mais significativas em Chicago puxaram para baixo as cotações, embora a continuidade na firmeza da cotação do óleo de soja. O mesmo permaneceu acima dos 80 centavos de dólar por libra-peso durante toda a semana. Todavia, o farelo de soja recuou mais uma vez em Chicago, chegando ao seu menor nível desde o final de janeiro passado, ao atingir, no dia 05/05 a US$ 426,90/tonelada curta.

Além das novas paralisações na economia chinesa, devido aos surtos de Covid-19, e da guerra entre Rússia e Ucrânia, o mercado continua atento ao ritmo de plantio nos EUA, o qual depende do clima naquele país. E este último causa algumas preocupações no momento. Por sua vez, o FED aumentou a taxa de juro básica nos EUA em 0,5 ponto percentual nesta semana, levando a mesma para o intervalo de 0,7% a 1,0% ao ano. Como o Brasil elevou, no mesmo dia, a Selic em um ponto percentual, para 12,75% ao ano, a diferença entre as duas taxas permanece elevada, fato que levou o Real a se revalorizar, batendo em R$ 4,90 no fechamento do dia 04/05, porém, voltando a R$ 5,03 no dia seguinte.

Diante de todo este contexto, o mercado externo da soja tem se mantido muito volátil. Este movimento continuará nas próximas semanas, especialmente diante das indefinições climáticas nos EUA, naturais nesta época do ano. Por enquanto, o plantio da soja, estando atrasado, devido ao excesso de chuvas nas regiões produtoras daquele país, deixa o mercado em alerta. Já na Índia, houve a permissão de importação de 550.000 toneladas extras de farelo de
soja transgênico, visando auxiliar a indústria avícola local, diante do elevado custo de produção. Em agosto de 2021 o governo indiano afrouxou as regras de importação, permitindo a compra das primeiras 1,2 milhão de toneladas de farelo transgênico em busca de reduzir o custo de produção das aves e, com isso, reduzir os preços ao consumidor local.

O volume liberado agora vem completar aquela cota estabelecida no ano passado, a qual não havia sido preenchida pelos importadores até então. Neste
sentido, a Associação de Processadores de Soja da Índia se opôs a decisão do governo, se posicionando no sentido de que o mesmo “não deveria permitir nenhum alimento geneticamente alterado, já que o país não permite que os agricultores cultivem nenhum produto transgênico.” 

E no Brasil, os preços recuaram, puxados pela redução em Chicago e pela revalorização do Real, mantendo a volatilidade conhecida deste mercado. A média gaúcha fechou a primeira semana de maio em alta, a R$ 191,73/saco, porém, as principais praças estaduais trabalharam em recuo, com valores de R$ 184,00/saco. Nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 169,00 e R$ 178,00/saco. Embora os vendedores no país estejam mais ativos no mercado, diante dos vencimentos de custeio, uma parcela de produtores de soja segue retraída, à espera de novos avanços dos valores nos próximos meses, para quando a paridade de exportação indica preços maiores frente aos observados no mercado físico nacional atualmente. 

Por outro lado, até o dia 22/04 a colheita da soja havia alcançado 93% no país, ficando dentro da média histórica. Neste momento, a mesma está praticamente finalizada, faltando ainda o Rio Grande do Sul, dentre os principais produtores nacionais, a concluir a mesma. No Estado gaúcho, até o dia 28/04, 68% da área havia sido colhida, contra 89% na média histórica para a época. As fortes e constantes chuvas, em grande parte desta última semana, voltaram a travar a colheita. Por enquanto, a quebra na safra gaúcha total continua em 52% da colheita prevista. 

Em termos de Brasil, novas estimativas, agora da consultoria StoneX, aumentaram a projeção para o volume da atual safra, passando a mesma para 123,4 milhões de toneladas, contra 122 milhões no seu último levantamento. Mesmo assim, o volume indicado representa perda de 9,2% em relação à safra anterior e está 15% abaixo do potencial inicial para esta atual safra, que era de 145 milhões de toneladas. Para as exportações brasileiras da oleaginosa, a referida consultoria aumentou o volume para 77 milhões de toneladas em 2022. Antes de ser constatada a quebra da safra, a previsão era de mais de 90 milhões de toneladas a serem exportadas, enquanto no ano passado o volume chegou a 86 milhões.

Por outro lado, nas exportações, a Anec aponta que em maio o país deverá vender ao exterior 8 milhões de toneladas de soja, com um recuo de 43% sobre o mesmo mês do ano passado. Com isso, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, os embarques devem cair 14,5% neste ano, chegando em torno de 43 milhões de toneladas. Já em abril os embarques recuaram mais de 4 milhões de toneladas na comparação com abril de 2021. Esse recuo se deve a menor oferta do produto após as perdas pela seca nesta última safra. Enquanto isso, a exportação de farelo de soja, em maio, deverá ficar em 1,68 milhão de toneladas, praticamente o mesmo volume de maio do ano passado.

Particularmente no porto de Paranaguá (PR), as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) atingiram a 4,97 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2022. Este volume é quase 25% superior ao registrado no mesmo período de 2021. O maior aumento foi registrado nas exportações de óleo de soja: 57,3%. Foram 327.975 toneladas exportadas nos três primeiros meses deste ano, contra 208.529 toneladas carregadas no mesmo período de 2021. Neste ano, no período, não houve registro de volume importado do complexo soja. No primeiro trimestre no ano passado foram importadas quase 45.500 toneladas de óleo de soja. Já em farelo de soja, foi exportado, no último trimestre, um pouco mais de 1,3 milhão de toneladas, volume 38,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Enfim, as exportações do grão de soja atingiram a 3,3 milhões de toneladas, com aumento de 17,6% sobre o primeiro trimestre do ano passado. Como o Paraná possui um dos principais parques esmagador de soja do Brasil, não se descarta que o Estado venha a importar soja em grão e exporte o farelo, que tem maior valor agregado. Já o Deral aponta que a produção final de soja no Paraná deve ter ficado entre 11,6 a 12 milhões de toneladas nesta safra, o que representa um recuo de 45% sobre o esperado inicialmente. Segundo ainda o órgão público, nos últimos três anos a média exportada de soja em grão no Paraná foi de aproximadamente 59% da quantidade produzida, e o restante ficando no mercado interno.

E no Mato Grosso, segundo o Imea, a produção de soja esperada para a safra 2022/23 é de 39,5 milhões de toneladas. A mesma começa a ser semeada a partir de setembro, com uma área projetada em 11,2 milhões de hectares. Os altos preços da soja nesta temporada motivaram alguns produtores a fazerem a conversão de áreas de pastagens para agricultura, principalmente em regiões onde a pecuária predomina –nordeste e norte daquele Estado. Quanto a última colheita, recentemente realizada, o Instituto rebaixou a produção para 38,9 milhões de toneladas devido ao excesso de chuvas no final do ciclo da planta. Mesmo assim, o volume colhido pelo Estado ficou 7,8% acima do ano anterior.

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