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Análise de mercado do milho

O mercado chegou a atingir US$ 8,15 no dia 20/04, nível de preço que não era visto desde 2012


Foto: Marcel Oliveira

As cotações do milho, em Chicago, para o primeiro mês cotado, romperam o teto dos US$ 8,00/bushel nesta semana, porém, cederam um pouco na quinta-feira (21), quando o fechamento ficou em US$ 7,99/bushel, contra US$ 7,90 uma semana antes. O mercado chegou a atingir US$ 8,15 no dia 20/04, nível de preço que não era visto desde 2012.

O clima seco nos EUA, prejudicando o plantio naquele país, assim como o recrudescimento da guerra entre Rússia e Ucrânia, estão entre os principais motivos desta elevação. Neste sentido, o plantio estadunidense da atual safra atingia a 4% em 17/04, contra a média histórica de 6% para este período e 7% semeados no ano passado nesta época. Por sua vez, os embarques estadunidenses de milho, na semana encerrada em 14/04, chegaram a 1,14 milhão de toneladas, ficando dentro do patamar esperado pelo mercado. O total já embarcado, no atual ano comercial, soma 33,2 milhões de toneladas, ou seja, 16% a menos do que em igual período do ano anterior.

E no Brasil, os preços do milho se mantêm estáveis, em relação as últimas semanas, com a média gaúcha, no balcão, fechando a semana em R$ 85,25/saco. Em relação ao mesmo período do ano passado, tal preço está apenas 1,2% acima, fato que confirma, também aqui, a forte perda de rentabilidade dos produtores gaúchos, ao se relacionar essa realidade com o forte aumento nos custos de produção e a grande perda ocorrida com a seca nesta última safra. Nas demais praças nacionais, a semana fechou com os preços do cereal oscilando entre R$ 74,00 e R$ 85,00/saco.

Já na B3, na metade do pregão da quarta-feira, véspera do feriado nacional do 21/04, os contratos de milho registravam R$ 91,46/saco para maio; R$ 92,70 para julho; R$ 93,50 para setembro; e R$ 95,20/saco para novembro do corrente ano. A colheita do milho de verão continua no Centro-Sul brasileiro, tendo atingido a 85% da área até meados de abril, contra 78,9% na média histórica. Por sua vez, o plantio da safrinha nacional está encerrado. Por enquanto, para esta safra, o clima transcorre bem.

No mercado nacional os compradores continuam retraídos, adquirindo pequenos volumes, esperando que os preços recuem ainda mais diante da entrada, logo mais, de uma safrinha cheia. Em São Paulo, por exemplo, a média mensal do produto, até meados de abril, estava 10,4% inferior à registrada em março. Dito isso, no Paraná, 95% da safra de verão está colhida, enquanto as lavouras da segunda safra apresentam 1% em maturação e 15% em frutificação. 97% das lavouras da safrinha estão em boas condições e 3% em estado médio. (cf. Deral).

Já no Mato Grosso do Sul não houve mudanças em relação as últimas informações, com a área de safrinha recuando 12,6% sobre a do ano anterior, ficando em 2,28 milhões de hectares. Diante de uma produtividade média estimada em 78,1 sacos/hectare, a expectativa de produção local é de 9,34 milhões de toneladas, contra as pouco mais de 6 milhões colhidas na frustrada safra do ano anterior. Neste meados de abril, cerca de 78% das lavouras sul-mato-grossenses estavam em boas condições, 11% médias e os 11% restantes em situação ruim. Até este momento, os produtores locais negociaram 13,2% da futura colheita de milho. (cf. Famasul) 

Em Minas Gerais, os negócios seguem lentos, com preços estáveis nas últimas duas semanas, ao redor de R$ 79,00 a R$ 80,00/saco no Triângulo Mineiro. Também neste Estado há, agora, preocupação com a falta de chuvas para o melhor desempenho da safrinha e das lavouras de sorgo. Este clima seco em parte da região central do Brasil pode reduzir as projeções de colheita da safrinha que, por enquanto, estão muito otimistas. A Conab fala em 88,5 milhões de toneladas, sendo que 40 milhões apenas no Mato Grosso. Assim, o mercado já ligou o sinal de alerta climático, prevendo uma colheita da safrinha possivelmente menor do que o inicialmente esperado. O clima nos próximos 15 dias, naquela região, será decisivo. E, segundo avaliação da Rural Clima, partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Goiás, Minas Gerias e o interior de São Paulo não terão chuvas até o final do mês. Esta realidade, todavia, não atinge o Paraná, o qual vem obtendo chuvas adequadas até o momento. Este Estado espera colher 16 milhões de toneladas de milho em sua safrinha, sendo um recorde.

Enfim, nos 10 primeiros dias úteis de abril o Brasil embarcou 238.383 toneladas de milho, segundo a Secex. Com isso, o volume acumulado do mês já corresponde a 82,1% acima do que havia sido exportado em todo o mês de abril de 2021. A média diária de embarques está 264% acima do registrado em abril de 2021. Já o preço da tonelada exportada subiu 32,1%, passando de US$ 243,30 no ano passado, para US$ 321,30 atualmente. Enquanto isso, a Anec estima que o Brasil possa exportar, no atual mês de abril, um total de 850.000 toneladas de milho e mais 155.168 toneladas de trigo.

Por sua vez, o Brasil importou 112.639 toneladas de milho nestes primeiros 10 dias de abril, tendo recebido 45,7% a mais do cereal em relação a todo o mês de abril do ano passado, com a média diária aumentando em 191%. O preço médio de importação subiu 37,4% no período, passando de US$ 198,90 para US$ 273,20/tonelada. Enfim, vale destacar que os prêmios do milho, nos portos de embarques brasileiros, devem sofrer pressão baixista se a safrinha vier cheia. Este fato, além de baixar os preços do cereal para os produtores logo adiante, está fazendo com que os exportadores vendam adiantado o produto, esperando comprar mais barato o cereal logo adiante, para honrar esses compromissos. (cf. Rabobank)

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