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Análise do mercado do milho

As cotações do milho, que igualmente iniciaram a semana em níveis bastante baixos para os seus últimos padrões


Foto: Eliza Maliszewski

As cotações do milho, que igualmente iniciaram a semana em níveis bastante baixos para os seus últimos padrões, se elevaram fortemente após o anúncio dos relatórios do USDA no dia 30/06. No fechamento deste dia, o bushel, para o primeiro mês cotado, saltou para US$ 7,20, rompendo novamente o teto dos sete dólares, algo que não ocorria desde o dia 14 de maio passado. O fechamento da quinta-feira (01/07) acabou ficando em US$ 7,19/bushel, contra US$ 6,53 uma semana antes. Os relatórios do USDA foram os alavancadores desta alta já que a área efetivamente semeada com o cereal, na atual safra estadunidense, subiu apenas 2% sobre a do ano passado, ficando em 37,5 milhões de hectares. Ao mesmo tempo, os estoques finais, na posição 1º de junho, recuaram 18% sobre a mesma data do ano passado, ficando em 102,95 milhões de toneladas.

Por outro lado, as condições das lavouras estadunidenses, em 27/06, indicavam 64% entre boas a excelentes, ficando abaixo do que o mercado esperava e contra os 73% na mesma data um ano antes. Outras 28% estavam regulares e 8% entre ruins a muito ruins. Por sua vez, 4% das lavouras de milho estadunidense estavam em fase de embonecamento, ficando abaixo dos 6% da média histórica para esta data.É bom lembrar que julho é o mês decisivo para o milho nos EUA, fato que coloca o clima ainda mais em evidência nas análises a partir de agora. Segundo analistas norteamericanos, o índice das condições do milho nos EUA está em 367 pontos, um pouco abaixo da média de 10 anos, que é de 373 pontos. Isso significa uma produtividade média de 184,5 sacos/hectare e caindo. (cf. StoneX Group)

A fora isso, os embarques de milho somaram 1,01 milhão de toneladas nos EUA na semana encerrada em 24/06, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial, os EUA exportaram 56,8 milhões de toneladas, ou seja, 70% a mais do que no mesmo período do ano passado. Na Argentina, segundo o Ministério da Agricultura local, a colheita do milho, safra 2020/21, atingiu a 67% da área total até este dia 1º de julho. Este percentual está 19 pontos atrás do registrado no mesmo período do ano anterior.

Já aqui no Brasil, diante de compradores afastados do mercado, e do início da colheita da segunda safra, os preços do milho voltaram a recuar. Os compradores esperam preços mais baixos nas próximas semanas, devido a entrada da safrinha. Esse movimento baixista igualmente esteve apoiado no câmbio, já que um Real mais valorizado anima as importações e retira preço das exportações, levando a mais produto ficar no mercado interno. Pelo lado vendedor, quem não precisa comercializar o cereal neste momento, aguarda o resultado final da segunda safra, o qual não será bom, devido as fortes quebras climáticas, fato que poderá gerar escassez do produto no último trimestre do ano e, com isso, os preços voltarem a subir.  Neste contexto, a média gaúcha no balcão fechou a corrente semana em R$ 77,56/saco, perdendo R$ 2,11 por saco em relação a média da semana passada.

Mesmo assim, os preços estão ainda bem superiores aos praticados um ano antes, quando nesta época de 2020 o saco de milho era negociado na média de R$ 43,55. Dito isso, nesta virada de junho para julho, nas demais praças nacionais, os preços do cereal oscilaram entre R$ 71,00 e R$ 88,00/saco, sendo que o CIF Campinas (SP) ficou em R$ 95,00/saco. Provavelmente o recuo dos preços na atualidade possa durar enquanto entrar a segunda safra, até setembro. Depois, a quebra da mesma tende a fazer seus efeitos concretos, pois, além da seca, agora as fortes geadas e até neve, no Centro-Sul brasileiro, durante esta última semana, vêm preocupar o mercado, já que muitas lavouras semeadas mais tardiamente ainda estão suscetíveis a estes fenômenos.

Tanto é verdade que na B3 os contratos do milho bateram em limite de alta no dia 29/06 (aumento de 5% em um dia). Nesta Bolsa, os contratos do cereal abriram  O pregão da quinta-feira (01/07) nos seguintes valores: julho/21 em 90,50/saco; setembro/21 em R$ 94,21; novembro/21 em R$ 95,33 e janeiro/22 em R$ 97,55/saco. Em termos estaduais, no Mato Grosso a competitividade do milho local subiu no
mercado, na medida em que o preço do cereal recuou 3,9% na média semanal, ficando em R$ 68,98/saco na média do conjunto do Estado, enquanto os preços internacionais subiram. O recuo no preço se dá pelos motivos já apontados. Por sua vez, a colheita da segunda safra do Estado, até o dia 25/06, atingia a quase 10% da área, contra a média de 32% das duas últimas safras. (cf. Imea)

Já no Paraná, a colheita da segunda safra subiu para 2% da área total, sendo que dos 98% que faltavam colher, 27% apresentavam fase de maturação. Enquanto isso, a qualidade destas lavouras ficavam em 26% em boas condições, 41% regulares e 33% ruins, repetindo os índices da semana anterior. (cf. Deral) Já em Goiás, o preço médio do milho, no dia 25/06, atingiu a R$ 68,10 no Estado, perdendo R$ 1,30/saco sobre a semana anterior. A colheita da segunda safra está iniciando no Estado e a quebra total está na ordem de 40% do que era esperado inicialmente. (cf. Ifag) Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul, a produção final da  segunda safra do cereal está agora estimada em 8,25 milhões de toneladas, a partir de uma produtividade média esperada de 68,7 sacos/hectare. Neste contexto, apenas 6% das lavouras estão em boas condições, 55% regulares e 39% ruins, sendo que neste último caso (ruins) o aumento foi de três pontos percentuais em relação a semana anterior. O preço médio estadual, na semana do 21 ao 28 de junho, ficou em R$ 72,50/saco, enquanto a média de todo o mês de junho foi de R$ 79,58/saco. Esta média mensal foi 113,4% superior a média de junho de 2020, que atingiu a R$ 37,29/saco. (cf. Famasul)

Por outro lado, chegou ao fim o Rally da Safra 2021, promovido anualmente pela Agroconsult. O resultado é que a estimativa de produção para a segunda safra caiu para 65,3 milhões de toneladas, com um recuo de quase um milhão de toneladas desde que os trabalhos começaram, em 23 de maio passado. Assim, a quebra média da produção brasileira é de 22% sobre o projetado em janeiro, quando os preparativos para o plantio se iniciavam. Em algumas regiões a produtividade média é muito baixa: 58 sacos/hectare no Paraná e 54,5 sacos/hectare no Mato Grosso do Sul. Tais médias seriam as mais baixas desde 2008/09. Em relação à safra passada, as quebras também são expressivas em Minas Gerais (56,6 sacos/hectare, com 41% abaixo da safra anterior), Goiás (67,8 sacos/hectare, queda de 35%) e São Paulo (60 sacos/hectare, redução de 18%). Poderia ter sido pior se os resultados mais positivos do Mato Grosso não ajudassem a limitar as perdas gerais. Neste Estado a produtividade média está estimada em 94,5 sacos/hectare, com queda de 14% sobre a safrinha anterior. Além disso Rondônia foge à regra deste ano e apresenta uma produtividade média recorde de 85,7 sacos/hectare. Enfim, a região do MAPITO apresenta lavouras com bom rendimento, embora abaixo da safra passada. Vale ainda destacar que a área da segunda safra teria aumentado 1,25 milhão de hectares, chegando ao total de 14,7 milhões neste ano.

Enfim, a baixa oferta nacional de milho, e o câmbio atual, têm limitado as exportações brasileiras do cereal. Em junho o país deve ter exportado apenas 89.000 toneladas, contra quase 800.000 toneladas no mesmo mês do ano passado.

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