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Animosidade barra venda da usina Vale do Rosário

Grupo de acionistas minoritários resiste à venda da usina aos controladores do Grupo Cosan



Grupo de acionistas minoritários resiste à venda da usina aos controladores do Grupo Cosan. Parece ser questão de honra, tradição e até de vaidade familiar. Se depender do bloco de minoritários da Companhia Açucareira Vale do Rosário, composto por fundadores, seus descendentes e outros acionistas, com 49,8% das ações, "a empresa não vai para a Cosan", avisa Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da companhia. Fundada em 1964 por Eduardo Diniz Junqueira, 82 anos, presidente da companhia, e Maurílio Biagi (pai), empresário falecido na década de 1970, a Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), é alvo de oferta hostil de compra feita pela Cosan S.A. Indústria e Comércio, empresa com ações negociadas em bolsa e com sede em Piracicaba (SP). Controlada por Rubens Ometto da Silveira Mello, a Cosan ofereceu mais de R$ 750 milhões por 100% das ações da Vale do Rosário, cuja sede está a 75 quilômetros de Ribeirão Preto. "Temos o direito de preferência (para comprar os outros 51,8% das ações) e cacife para bancar a oferta da Cosan", resiste o engenheiro Junqueira Franco, 77 anos. "Temos recursos próprios, de bancos, fundos e de diversos investidores. A Bunge e a Companhia Energética Santa Elisa são apenas dois dos interessados, assim como outros que consideramos melhores do que a Cosan", afirma Junqueira Franco. Um dos idealizadores do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, Junqueira Franco chega a dizer que "a região vai ficar livre dessa praga", afirmou referindo-se à Cosan. O exercício do direito de preferência dos acionistas para a compra das ações da Vale do Rosário expiraria em 26 deste mês, segundo a Cosan. "Mas queremos exercer na íntegra o direito de compra das ações antes deste prazo, nas mesmas condições feitas pelo proponente", diz Junqueira Franco. Entretanto, segundo uma fonte próxima das negociações, o bloco de Junqueira Franco estaria enfraquecido com as supostas baixas de acionistas que representariam 25% do capital da Vale do Rosário, entre eles a do presidente Eduardo Diniz Junqueira e do superintendente Ricardo Brito Pereira, que estariam dispostos a vender suas ações à Cosan. Maurílio Biagi Filho, que acompanhou a fundação da Vale do Rosário e já foi diretor da companhia, concordou em falar com este jornal como analista: "Os acionistas da Vale deveriam estar satisfeitos por receber uma proposta como esta, acima do valor de mercado". O próprio Maurílio vendeu recentemente à Cargill o controle da Cevasa, de Patrocínio Paulista, por valor proporcional. "Fatores pessoais e sentimentais podem atrapalhar o negócio. Se há dinheiro, que se exerça o direito de preferência, sutilmente. Não há a necessidade de negociar por meio da imprensa".Enquanto a Cosan tem 17 usinas paulistas, a Vale do Rosário controla três unidades: a MB, de Morro Agudo, a Jardest, de Jardinópolis, e a Frutal, da cidade de mesmo nome, que começa a operar nesta safra. A Vale ainda é sócia do Grupo Maeda e da Santa Elisa na usina Tropical, a ser construída em Edéia (GO), e detém 35% do capital da Crystalsev, empresa que comercializa a produção de álcool e açúcar de oito usinas paulistas. Cosan e Vale do Rosário também possuem terminais portuários para exportação de açúcar e álcool. A fundação da Vale do Rosário e sua possível venda ocorrem em momentos históricos semelhantes: em 1964, Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), e o Brasil substituiu o país no fornecimento de açúcar aos Estados Unidos. Agora, 43 anos depois, o Brasil é visto como substituto da Venezuela no fornecimento de combustível. Oferta não confirmada A Bunge não confirmou ter feito oferta para a compra da Vale do Rosário, mas declarou que está em seus planos tornar-se líder no setor de açúcar e álcool.

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