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Anvisa alerta que 22% dos alimentos consumidos no mercado interno apresentam excesso de agrotóxico



O consumidor brasileiro paga a maior carga tributária do mundo sobre a alimentação, mas está longe de ter um alimento de qualidade na mesa. Dois estudos realizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostram que 22,17% de frutas, verduras e legumes vendidos em supermercados têm excesso de agrotóxicos e que 34% de uma lista dos alimentos industrializados mais consumidos apresentam problemas de higiene.

“Pagamos impostos demais para termos uma qualidade tão ruim de alimentos”, diz Sezifredo Paz, consultor técnico do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). De acordo com o estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, 21,7% do preço dos alimentos corresponde a tributos, taxa recorde no mundo. A situação mais séria, segundo os técnicos da Anvisa, é a contaminação dos alimentos por agrotóxicos. A primeira radiografia sobre esse setor está sendo revelada por um programa da agência, em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Na primeira fase, encerrada no ano passado, o programa recolheu 1.278 amostras de alface, banana, batata, cenoura, laranja, maçã, mamão, morango e tomate em quatro Estados (São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco) - 1.051 (81,2%) possuíam algum resíduo de agrotóxicos.

Em 233 das amostras desse sub-grupo (22,17%) foram encontradas irregularidades graves: 94 tinham agrotóxicos além do limite permitido pela legislação e 74 tinham pesticidas não-autorizados, devido ao alto grau de toxicidade nos produtos - 65 amostras tinham os dois problemas.

Segundo Luiz Cláudio Meirelles, gerente de toxicologia da Anvisa, havia 33 ingredientes ativos de pesticidas sendo usados em culturas não-permitidas e três ingredientes de uso desautorizado no Brasil - clorpirifós metil, dieldrin e paration etílico. Para ele, as descobertas mostram que a Lei Federal de Agrotóxicos não vem sendo cumprida, principalmente quanto à fiscalização da venda e ao uso dos agrotóxicos, cuja responsabilidade é das secretarias estaduais da Agricultura.O morango foi o alimento analisado que estava mais comprometido com agrotóxicos. Quase metade das amostras analisadas pela Anvisa apresentava contaminação com resíduos de até cinco ingredientes ativos.

Apenas as frutas e os legumes exportados são fiscalizados pelo Ministério da Agricultura quanto ao uso abusivo de agrotóxicos. A análise é feita diretamente nas lavouras por amostragem. Esses produtos devem atender aos requisitos dos países importadores. De acordo com Arlindo Bonifácio, coordenador de fiscalização do Ministério da Agricultura, os produtores que exportam têm interesse em cumprir os requisitos para não perder os clientes. Bonifácio nega que o ministério dê prioridade aos produtos exportados em detrimento dos comercializados no país.

Colheita – Para o coordenador de fiscalização, a diferença entre produtos exportados e nacionais é a “boniteza”. “O produtor aplica o agrotóxico em toda a lavoura. As frutas são selecionadas depois da colheita.”

Segundo Bonifácio, o Ministério da Agricultura planeja adotar uma fiscalização semelhante à que é feita com os produtos exportados.

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