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Após 7 anos, consumo per capita de frango cai 3,6%


Nem a carne de frango, uma das proteínas mais baratas existentes no mercado, escapou dos efeitos da recessão no Brasil no ano passado. O consumo per capita caiu 3,59%, para 32,2 quilos, segundo projeções da Apinco - Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte. É a primeira queda no consumo desde 1996, dois anos após a implantação do plano Real, que alavancou o consumo do setor.

Para chegar ao número, a Apinco subtraiu da produção as exportações e dividiu o restante pela população, estimada em 177,5 milhões de habitantes. Conforme a Apinco, em 2003, o país produziu 7,465 milhões de toneladas de carne de frango, um aumento de 2,63% sobre o ano anterior. Considerando que foram exportadas 1,922 milhão de toneladas de carne de frango no ano passado, restaram 5,723 milhões de toneladas no mercado doméstico, 2,15% a menos que em 2002, segundo a Apinco.

O secretário-executivo da associação, José Carlos Godoy, afirma que a menor disponibilidade de frango no mercado interno não se deve ao aumento de 20% nas exportações. O que ocorreu, diz, foi que a recessão de 2003 segurou o avanço da avicultura. No ano anterior, quando as exportações do setor cresceram 28%, a produção de carne de frango havia aumentado 13,4% e a disponibilidade interna, 10%. "Em condições normais, a produção teria crescido mais", garante Godoy.

Além da contração da renda, Fábio Silveira, da F. Silveira Consultoria, aponta a valorização dos preços do frango como outro fator que motivou a redução do consumo. "O crescimento das exportações sustentou os preços no mercado interno". No atacado paulista, segundo dados da Associação Paulista de Avicultura (APA), o quilo de frango resfriado teve uma variação positiva de 26,7% entre 2002 e 2003. No varejo, o aumento foi menor. Segundo o IPC-Fipe, entre janeiro e dezembro, o frango teve alta de 3,41% no varejo.

"A população empobreceu, o que explica a queda no consumo de alimentos básicos", acrescenta Silveira. Ele concorda que o ritmo de crescimento da produção de carne de frango no país poderia ter sido mais forte se a demanda doméstica estivesse aquecida.

O presidente da Abef (réune as indústrias produtoras e exportadoras de frango), Júlio Cardoso ressalta que o aumento das exportações não gerou uma falta de frango no mercado interno. "Não foi falta de frango. Foi falta de consumo", observa.

Como alternativa à falta de demanda no mercado doméstico, as indústrias exportadoras redirecionaram parte da produção de carne de frango para o exterior. Isso foi possível, em parte, porque havia demanda devido a problemas sanitários em outros fornecedores.

Godoy, da Apinco, acredita que o desempenho do setor este ano vai depender dos desdobramentos das medidas anunciadas pelo governo para estimular o crescimento econômico, como investimentos em infra-estrutura. "Se as medidas forem colocadas em prática, pode haver aumento da demanda". Já Fábio Silveira projeta um crescimento de 4% da produção do setor este ano, avanço de 3,5% no consumo per capita nacional e de 3% nas exportações.

"Com sorte teremos recuperação no mercado doméstico", diz Júlio Cardoso. Para o executivo, que também preside a Seara Alimentos, a maior probabilidade é que a disponibilidade no mercado doméstico pare de cair. Antes da descoberta da doença da "vaca louca" nos Estados Unidos em dezembro, a Abef estimava crescimento de 3% nos volumes exportados em 2004. Agora, já elevou a meta para 10%, pois a doença pode gerar uma migração da carne bovina para o frango.

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