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Área plantada com algodão em MT atinge 60%

Chuvas devem dar uma trégua até a segunda quinzena de fevereiro no Médio Norte


As chuvas, que dificultam os trabalhos de colheita da soja, também estão incomodado os cotonicultores. Até agora, dos 14,4 mil hectares destinados ao algodão safrinha, apenas 60% foram semeados. O proprietário de uma consultoria agronômica, Evaldo Mulinari, acredita que se as previsões climáticas confirmarem, o plantio deve ser encerrado em duas semanas.

A estimativa não foge da perspectiva do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que prevê alcançar, ainda neste mês, 660 mil hectares dos 733.062 que serão cultivados em Mato Grosso. Segundo a Somar Meteorologia, as chuvas devem dar uma trégua até a segunda quinzena de fevereiro no Médio Norte.

No total, Sorriso planta cerca de 18 mil hectares, sendo 3,5 mil na primeira safra, que é semeada em dezembro. Segundo o assessor técnico local do Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA), Felix Kmiecik, há tempos que a área não sofre alterações, mesmo com os altos e baixos do mercado. Devido a safra de soja, que abriga 614 mil hectares no município, a maioria, cerca de 80%, trabalha com algodão safrinha, cuja janela de plantio inicia em janeiro e vai até a segunda quinzena de fevereiro. Kmiecik estima que apenas 15 produtores sorrisenses são “fieis” ao algodão.

TENDÊNCIAS DO MERCADO

Embora a expectativa seja de uma boa safra, a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo mundial da pluma deve ser reduzido em 3,7% em relação à produção 2010/2011. Segundo a analista de mercado especializada em algodão da Scot Consultoria, Jessyca Guerra, a previsão de queda no crescimento econômico da China, afetou diretamente a demanda mundial da pluma.

“A China deve reduzir o consumo, e por isto a tendência é de que ela importe menos que nos outros anos. Esta redução de chineses comprando roupas produzidas com algodão brasileiro interferiu diretamente no mercado do país”. Mas a crise na União Europeia também tem parte da culpa. Com a desaceleração da commodities na Europa, a indústria têxtil deve permanecer estável e sem grandes demandas.

E não é a toa que a China consegue interferir tanto no mercado mundial. Hoje, ela representa 35% das importações de pluma de Mato Grosso, seguidas da Indonésia (13,1%) e da Coreia do Sul (12,2%). Só no ano passado, “a potência mundial” comprou dos mato-grossenses 127 toneladas. No total, o Estado exportou 362.679 toneladas o que rendeu US$ 732 mil ao governo e produtores.

Apesar da demanda mundial estar desaquecida, o cenário do mercado interno é bem diferente. Conforme a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo no país deve aumentar 4,3%, o que representa 50 mil toneladas a mais que no ano passado.

A produtividade também deve aumentar em 7,4% e alcançar os 236 @/ha. A Scot Consultoria prevê que Mato Grosso deve colher cerca de dois milhões de toneladas de pluma, já o caroço deve alcançar 3,3 milhões de toneladas, 1,7% maior em relação ao ano passado.

LUCRATIVIDADE

Para aqueles que se entusiasmaram com o preço da pluma na safra passada, quando chegaram a pagar R$ 111,80 a arroba, as previsões para este ano são de mal a pior. Nesta semana, o preço médio pago pela pluma em Sorriso ficou em R$ 54,30, cerca de 50% a menos em relação a mesma época do ano passado. Jessyca explica que o preço registrado atualmente está dentro do aceitável, e muito parecido com a valorização de dois e três anos atrás. “2011 foi um ano atípico para o setor, o preço estava excelente, nunca havia atingido uma valorização como esta no Brasil”.

O que determinou a alta no ano passado foram as notícias de baixos estoques mundiais e brasileiros da pluma. Apesar de ainda não ter recuperado os acumulados de outros anos, os estoques conseguiram se estabilizar, e com isto os preços caíram. Mas a analista explica que, mesmo ganhando menos que a metade pela mesma produção do ano passado, o cotonicultor não deve ter prejuízos. “A safra passada foi extraordinária, o produtor ganhou muito dinheiro com a comercialização. Já este ano será de estabilidade, pois as previsões são de que ninguém ganhe mais que R$ 60/@”, finalizou.

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