Argentina semeia 36% da soja, mas excesso de chuvas preocupa produtores
Calendário da soja poderá ser comprometido
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Segundo informações divulgadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com base em relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires de 27 de novembro, a semeadura da soja da safra 2025/26 na Argentina alcançou 36% da área total estimada em 17,6 milhões de hectares. O avanço semanal foi de 11 pontos percentuais, mas o ritmo segue abaixo do esperado.
Apesar da aceleração recente, o plantio ainda está 9 pontos percentuais atrás do mesmo período da safra passada e 1 ponto abaixo da média dos últimos cinco anos. O principal entrave, segundo o relatório, é o excesso de chuvas em importantes regiões produtoras, o que tem dificultado a operação de maquinários agrícolas e limitado o progresso da semeadura.
As áreas com maior percentual de avanço no plantio são o Sul de Córdoba (66,5%), o Núcleo Norte (63,3%) e o Noroeste de La Pampa (56,5%). Em contrapartida, o Centro-Norte de Córdoba, Núcleo Sul e Centro-Leste de Entre Ríos apresentam atrasos consideráveis, com apenas 27,1%, 49,4% e 34,5% das áreas semeadas, respectivamente — todos com desempenho inferior ao padrão para o período.
Segundo o Imea, esse cenário reflete os impactos dos volumes excessivos de precipitação registrados em diversas províncias argentinas, que já vinham afetando o calendário agrícola desde o início da safra.
A lentidão no plantio argentino preocupa o mercado internacional e pode influenciar o comportamento dos preços da soja, especialmente no Brasil. Como segundo maior produtor mundial da oleaginosa, a Argentina tem papel estratégico na oferta global. Qualquer atraso significativo pode gerar volatilidade nas cotações futuras, impactando decisões de comercialização e logística no Brasil.
A expectativa é que o avanço do plantio retome ritmo mais intenso com a redução das chuvas nas próximas semanas. No entanto, o sinal de alerta está aceso: caso o clima siga instável, o calendário da soja poderá ser comprometido, o que refletiria diretamente na produtividade potencial da safra argentina e, por consequência, nos estoques globais do grão.