Arroz atravessa período crítico
A crise é percebida em diversas regiões produtoras

O setor orizícola atravessa uma das fases mais difíceis de sua história recente, com forte impacto para produtores e indústrias. Segundo Sérgio Cardoso, da Itaobi Representações, trata-se de um momento de grande instabilidade, marcado por incertezas, queda na rentabilidade e desânimo generalizado entre os agentes da cadeia. Com mais de quatro décadas de experiência no mercado, ele avalia que o cenário atual se destaca pela gravidade.
A crise é percebida em diversas regiões produtoras, como Rio Grande do Sul, Argentina, Uruguai, parte central do Brasil e também no Norte do país, enquanto o Paraguai apresenta tendência de leve expansão na área cultivada. A combinação entre estoques de passagem e expectativa de safra menor abre espaço para uma possível recuperação de preços ao longo do próximo ciclo, o que pode antecipar uma reversão de mercado em relação ao que se projetava anteriormente.
No entanto, os preços praticados atualmente estão bem abaixo dos custos de produção. Na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, por exemplo, o arroz tipo Prado Branco é negociado em torno de R$ 54 a R$ 55, e o Prado Parvo entre R$ 50 e R$ 51. Esses valores não cobrem sequer o custo mínimo estimado em R$ 70 por saca, o que compromete a viabilidade econômica da lavoura. Além disso, as indústrias estão operando com apenas 50% a 60% de sua capacidade, pressionadas pela dificuldade de repassar preços ao mercado consumidor.
O desequilíbrio financeiro se reflete diretamente no produtor, que investe cerca de R$ 15 mil por hectare, mas tem retorno em torno de R$ 12 mil a R$ 12,5 mil. Esse cenário de prejuízo causa frustração e desânimo em toda a cadeia produtiva. A expectativa, contudo, é que a redução da oferta futura e a contabilização dos estoques abram espaço para uma recuperação de preços, trazendo algum alívio após um dos períodos mais desafiadores para o setor.