Arte com a fibra da bananeira transforma vida de agricultoras
O desempenho das mulheres com as fibras no curso de artesanato chamou atenção
Embelezar o ambiente, servir como terapia e até mesmo ser uma fonte de renda. Foi isso que o artesanato proporcionou à agricultora familiar, Zuleide Laurindo de Souza, de 70 anos, que vive no assentamento Pequeno Ilha, em Planaltina (DF). O melhor é que a principal matéria-prima dessa artesã vem de uma planta que ela e os vizinhos têm no quintal: a bananeira.
Das fibras do tronco dessa árvore, Zuleide cria os mais diversos produtos como cachepô, porta-lápis, jogos americanos, mandalas e porta-retratos. O talento da artesã ganhou força com ajuda de um curso oferecido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater–DF), que capacitou a agricultora sobre como trabalhar com a fibra da bananeira, um passo a mais para avançar na qualidade de vida, a partir de uma nova alternativa de trabalho.
“Eu acho que eu tenho vida ainda porque eu trabalho com essas coisas. Sempre gostei do artesanato, já fiz arranjos do cerrado, bonecas, bichinhos de outros materiais, mas eu ganhava mais ou menos com eles. Desde que comecei a trabalhar com as fibras a minha vida está tudo muito melhor”, fala Zuleide.
Cerca de outras 20 mulheres também desenvolvem trabalhos com a fibra de bananeira no assentamento Pequeno Ilha. A ideia do curso foi da extensionista da Emater-DF, Isabel Cristina da Cunha, de 48 anos, que buscava uma alternativa de fonte de renda para as famílias, durante a espera delas pela posse de terra.
“Eles ainda não tinham seus lotes. Ficavam agrupados era uma área do assentamento, sem condições de plantar. Então quando eu conheci a comunidade, fiquei muito preocupada, por que lá existiam mulheres, jovens, sem nenhuma atividade e sem condições de manter minimamente a alimentação das famílias. Então eu comecei a trabalhar a capacitação com eles”, relata Cristina.
O desempenho das mulheres com as fibras no curso de artesanato chamou atenção e rendeu a participação quase que imediata em uma feira do estado. Desde então, há seis anos, essa tem sido uma das atividades de Zuleide, e continua rendendo frutos. “Tem sido a minha fonte de renda. Estou até com uma encomenda de 150 itens para entregar e, para dar conta, duas filhas trabalham comigo. A gente fica muito feliz porque as pessoas gostam”, diz a agricultora.
A alegria de Zuleide é também a alegria da extensionista Cristina, que há 30 anos, ajuda a transformar a vida das mulheres rurais com o seu trabalho. “É uma realização profissional muito grande ver aquelas mulheres que estavam tristes, sem atividade, com baixa autoestima, descobrirem dons. Começar a fazer o artesanato, se encantar, com os trabalhos que elas estavam fazendo. Eu sou entusiasta do trabalho com as mulheres, nesse tempo todo de carreira sempre me voltei para elas. Sou encantada por essas mulheres do campo e agradeço todos os dias pela oportunidade de trabalhar para elas”, declara Cristina.
Fibras da Bananeira
Ao menos três tipos de fibras da bananeira são utilizados nos artesanatos de dona Zuleide: a capa (parte mais externa do tronco); a renda (parte interna do tronco); e a seda (película que recobre o tronco). O material é de árvores que já produziram cachos da fruta.