CI

Atraso na colheita da soja em MT chega a 5%

O atraso e o excesso de chuvas colocam em risco o plantio do milho e o sucesso da segunda safra estadual


As perdas com o atraso na colheita da soja na safra 2006/07 já chegam a 5% como conseqüência das chuvas que caíram incessantemente nas últimas semanas em Mato Grosso. Por conta disto, o esperado recorde estadual de produção nesta safra pode não ser alcançado. A área plantada – 5,2 milhões de hectares (ha) - foi maior que a da safra anterior (que cultivou 4,9 milhões), mas a produção pode não atingir as 15,25 milhões de toneladas previstas. O levantamento foi divulgado na segunda-feira (21-02) pela Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja).

O quadro de perdas em Mato Grosso levará a Aprosoja e a Federação da Agricultura do Estado (Famato) a encaminhar ainda nesta semana um documento ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) relatando os prejuízos dos produtores e reivindicando a inclusão deste fator externo nas negociações de refinanciamento das dívidas.

“A situação é preocupante e esperamos que o ministério considere isto [perda da safra] em sua proposta de prorrogação”, disse nessa segunda-feira o presidente da Aprosoja, Rui Ottoni Prado.

Além dos atrasos na extração do grão, o que pode impactar na qualidade da soja e consequentemente na rentabilidade ao produtor, o atraso e o excesso de chuvas colocam em risco o plantio do milho e o sucesso da segunda safra estadual. O milho é uma opção de safrinha e de renda extra que os mato-grossenses têm.

Prado explica ainda que as regiões mais prejudicadas com as chuvas em Mato Grosso estão localizadas no Norte, onde as perdas nas lavouras já colhidas de soja podem chegar a até 15%. A área de influência da BR-163 – abrangendo os municípios de Lucas do Rio Verde, Ipiranga, Sinop, Sorriso, Nova Mutum e Tapurah – que responde por mais de 30% da produção total de soja no Estado, é a mais afetada pelas chuvas. São os produtores destas regiões que optam pelo milho como safrinha.

O presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), Antônio Galvan, lembra que o atraso na colheita está atrapalhando também os agricultores que pretendem plantar o milho safrinha. “A gente planta o milho até 15 ou 20 de fevereiro, mas aqueles que não colheram a soja não terão como plantar”, exclama.

Qualidade

Nas traddings o produto “ardido” ainda está no limite, mas o gerente de compras de um multinacional instalada em Sinop, Marlon Vinícius também faz o alerta. “Ainda não estamos recebendo muita soja ardida, mas se as chuvas continuarem, a situação pode ficar complicada, principalmente nas lavouras que já foram dessecadas”, ressalta. As lavouras dessecadas são aquelas que receberam produto químico e estavam prontas para colheita e podiam mais receber umidade.

Sul

Na região Sul do Estado a situação é melhor em relação ao Nortão, pois a colheita começou mais tarde e por isso deverá registrar perdas de menor grau. Mesmo assim, os prejuízos poderão chegar a até 10% em algumas lavouras. Como a tolerância dos compradores é de no máximo 8% de grãos estragados, isto significa um prejuízo real de 2% da produção.

A Globalsat Monitoramento Agrícola, empresa que faz o acompanhamento da safra por meio de imagens de satélite, já encontrou sinais de perdas em algumas lavouras da região. O diretor técnico da empresa, Leandro Fabiani, diz que os casos são ainda isolados, mas frisa que prejuízos maiores podem ocorrer caso as chuvas persistam. “O excesso de umidade nas lavouras, aliado ao calor típico do clima tropical, favorece o aparecimento de pragas e da ferrugem asiática”, argumenta.

Fabiani explica ainda que as chuvas dificultam o transporte da produção, pois as estradas ficam intransitáveis. Ou seja, temos um escoamento ainda mais prejudicado”.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.