Aviação agrícola: 64 anos de lutas e conquistas
Uma homenagem do Portal Agrolink ao Dia da Aviação e do Aviador
Mais de seis décadas depois do primeiro avião agrícola do Brasil alçar vôo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o setor da aviação agrícola brasileira representa o segundo maior mercado no segmento do mundo. Com cerca de 300 empresas especializadas e uma frota de cerca de 1,4 mil aeronaves, perde apenas para os Estados Unidos.
Em homenagem ao Dia da Aviação e do Aviador, celebrado em 23 de outubro, o Portal Agrolink faz um balanço entre os avanços, carências e perspectivas deste vital setor para a agricultura brasileira e mundial.
Atuando na aviação há 40 anos, destes 30 na aviação agrícola, o piloto Silvio Antônio Pilau Neto, de Porto Alegre, diz que o setor evoluiu muito nos últimos anos, no que diz respeito à tecnologia de aplicação, segurança e proteção de pilotos. “Com advento do DGPS foram eliminados os bandeirinhas (pessoas responsáveis pela sinalização e direcionamento dos aviões nas lavouras). Da mesma forma, o fluxômetro oferece um controle de vazão exata e novos equipamentos de aplicação deram uma gota mais uniforme. O maior controle das entidades governamentais sobre o produto também colaborou, baixando a toxicidade”.

Já para o piloto e pesquisador do Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná (NATA-PR/UNICENTRO), Jeferson Luis Rezende, de maneira geral aviação agrícola brasileira é moderna e tem procurado na medida do possível se aperfeiçoar, principalmente, com o trabalho em curso desenvolvido pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). “Enfim, tenho preconizado sempre que possível o uso da aplicação aérea junto aos agricultores e agrônomos, por acreditar que esta ferramenta é altamente eficaz”, comenta. Contudo, ele acredita que o setor ainda necessita de mais informações no que diz respeito às tecnologias de aplicação fitossanitária. “Este é o grande gargalo”, frisa Rezende.

Para os profissionais da área, o segmento melhorou, mas ainda tem muitas mudanças a serem conquistadas. Trabalhando atualmente na região Nordeste, com aplicações nas culturas de cana-de-açúcar, soja e milho, Pilau Neto diz que a atividade de aviação agrícola empresarial é a única que tem três controles governamentais: o Ministério da Agricultura, o Ministério da Aeronáutica e a ANAC. “Não somos os maiores aplicadores de agrotóxicos no Brasil, porque boa parte do serviço é feito por equipamentos terrestres e aviões particulares, sobre os quais os Ministérios não possuem controle. Enquanto um piloto agrícola é altamente treinado, acompanhado por um técnico agrícola, com curso específico para a aplicação, e um agrônomo, o operador do equipamento terrestre normalmente é um funcionário sem preparo e sem profissionalismo da fazenda onde trabalha. Isso leva a um grande risco para o meio ambiente”. Segundo ele, a legislação da ANAC também é muito carregada de regras sobre a aviação agrícola. “Acredito que esta legislação não deveria ser tão forte (atualmente, é semelhante à da aviação civil), por ser uma atividade executada por empresas geralmente familiares, com três ou quatro aviões”.
Eleito presidente da Sindag no início de maio deste ano, Nelson Antônio Paim diz que sua gestão começou com meta de inovar o Sindicato com novos conceitos para a reestruturação da entidade, com objetivo de aproximar mais a aviação agrícola do público em geral. “A idéia é mostrar para a população que essa atividade é altamente técnica, com pessoal bastante qualificado e uma ferramenta importante na proteção ao meio ambiente. E para os agricultores, agrônomos e técnicos, estamos apresentando as vantagens econômicas da aviação no trato de culturas”, frisa.
Sempre empenhado na busca de melhorias para o setor, o Sindag já está trabalhando em alguns projetos para o próximo ano. Conforme Paim, está sendo feito um trabalho de união do setor, buscando novos associados. Isso paralelo a ações para desmistificar a atividade aeroagrícola. “Principalmente em regiões de pequenos produtores, onde a falta de conhecimento sobre o papel da aviação tem permitido a manipulação política para o surgimento de leis contra o uso de aeronaves – o que, aliás, o Sindag está questionando na Justiça”, observa o presidente do Sindicato.
Outro projeto é levar às faculdades de Agronomia palestras sobre a utilização da aviação nas lavouras, para que os estudantes saiam da universidade sabendo que poderão contar também com o avião em sua vida profissional, e não apenas com o trator.
Estas e outras propostas do Sindicato serão abordadas no Congresso Nacional de Aviação Agrícola (Congresso Sindag), marcado para 28 e 29 junho de 2012, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. “É quando todo o setor para e olha para si, avaliando seus horizontes e preparando seus próximos passos”, reflete Paim.
O Portal Agrolink parabeniza todos os profissionais da Aviação!

“Primeiramente, congratulo-me com os colegas aviadores pela passagem de um Dia nosso. Gostaria de lembrar a todos que a atividade aérea tem crescido exponencialmente nos últimos anos e que isso precisa ser aproveitado de maneira ordeira e responsável por todos que atuam no meio. Quero dizer com isso, que o mundo de hoje não aceita mais profissionais "meia-boca", ou seja, é preciso ser de fato um profissional. Parabéns a todos e vôos em céu de Brigadeiro... sempre!”Jeferson Luis Rezende – piloto e pesquisador do NATA-PR/UNICENTRO ( Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná)

Silvio Antônio Pilau Neto – piloto
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*Colaborou Lucas Amaral