Aviários GIGANTES
Engenharia triplica a capacidade de alojamento de pintainhos nos aviários. Objetivo é diluir custos e aumentar a produtividade
Surge um novo modelo de aviários no Paraná. São estruturas gigantes, com 150 metros de comprimento por 30 da largura. Alguns produtores, ainda mais ousados, erguem galpões de até 155 x 36 m. O modelo padrão utilizado pela maioria das integradoras de aves não passa de 125 x 14 m. O projeto de engenharia se destaca pela capacidade de alterar metragem lateral, atingindo a largura de três aviários.
Se no sistema padrão são alojadas entre 17 a 20 mil aves, nos mega-aviários a capacidade salta para até 90 mil. Sem as linhas divisórias no centro da estrutura, que é suspendida por vigas reforçadas de concreto, a área de circulação das aves aumenta. A inovação desafia a prerrogativa dos sistemas tradicionais de alterar somente a metragem do comprimento dos aviários, e aparece como uma alternativa para reduzir custo e aumentar produtividade.
A idéia, novidade no Brasil, foi desenvolvida em Quedas do Iguaçu, Oeste do estado. O primeiro aviário com esse novo porte foi construído em 2007, em Espigão Alto do Iguaçu, município vizinho, medindo 150 x 30 m. Hoje, há cinco em funcionamento e outros seis em construção no Paraná.
O responsável pelo projeto, Evandro Carlos dos Santos, de Quedas do Iguaçu, que também é avicultor, atua em parceria com Osstap Andreiv, atual prefeito de Espigão Alto do Iguaçu. Ele explica que a idéia foi motivo de chacota no início e que agora passou a ganhar o respeito dos avicultores. Embora sejam poucos os aviários em funcionamento, Santos afirma que o sistema veio para ficar. “Minha preocupação era garantir melhor retorno aos avicultores. E o que conseguimos foi revolucionar a avicultura brasileira, equacionando questões logísticas e aumento de produção.”
Tecnologia
Os aviários são montados com a mesma tecnologia e automação das estruturas tradicionais, com um diferencial na ventilação. “A nossa preocupação estava em encontrar um mecanismo que mantivesse a mesma qualidade de ventilação, em um ambiente bem maior. Tive que buscar alguns equipamentos nos EUA para dar conta”, frisou. Para evitar perdas com quedas de energia, cada aviário gigante possui um gerador alternativo.
O gerente de expansão e integração da Frangos Canção na região de Cianorte, Aginaldo Bulla, que possui um aviário de 140 x 32 m no município de Indianápolis, conta que nos dois primeiros lotes aprovou o novo sistema, mas que ainda é cedo para falar em resultados econômicos. “O que posso dizer é que a nova técnica oferece viabilidade de criação. Com o tempo veremos como será o comportamento médio dos lotes.”
Coasul
O projeto agradou alguns diretores e técnicos da Cooperativa Agroindustrial do Sudoeste do Paraná (Coasul), em São João, no Sudoeste do Paraná, que está construindo um frigorífico. Dos 13 primeiros que estão sendo implantados com recursos dos integrados e da própria cooperativa, três são de 150 x 36 m. “A proposta é aumentar o número de aves por metro quadrado sem problemas de desenvolvimento”, comenta o gerente de Fomento Agrícola da cooperativa, Juarez Carlos Gobbi.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) não coloca restrições. Em nota, a entidade apenas alerta para o cuidado com as aves. “Não existe nenhuma legislação que determine um tamanho padrão (com medidas máximas e mínimas) para a construção de aviários. O tamanho da estrutura irá variar de acordo com a capacidade econômica de cada proprietário. No entanto, é importante salientar que o aviário deve primar pelo bem-estar do animal, dando totais condições de ambiência para a ave.”