A Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri) investiu R$ 500 mil para disponibilizar aos produtores baianos de dendê um total de 2,4 milhões de sementes selecionadas da cultura. Subsidiadas pelo governo, elas estão sendo oferecidas ao preço de R$ 0,25 a unidade. O primeiro lote, de 400 mil sementes, será comercializado a partir da próxima semana, através da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira).
O objetivo da iniciativa é fomentar, ao longo dos próximos cinco anos, o plantio de 12 mil hectares de dendê na Bahia, a partir do uso de sementes selecionadas da variedade híbrida Tenera, que tem maior produtividade. Com uma área atual de 40 mil hectares, o estado dispõe de apenas 12 mil hectares efetivamente cultivados. A área restante é de Mata Atlântica, com registro de plantios surgidos de forma espontânea.
`Mesmo as plantas que pertencem à área cultivada estão com idade avançada e não têm recebido os tratos culturais necessários à garantia de uma boa produtividade`, constata o diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, Augusto Mesquita. Ele também coordena o Protocolo do Dendê, firmado em 1999 entre o Estado e agroindústrias do setor, com o objetivo de buscar a revitalização da dendeicultura na Bahia.
A partir da nova variedade, produzida a partir de material genético oriundo da Malásia e Costa do Marfim, a Seagri espera que as plantações baianas passem a registrar um rendimento de óleo na polpa entre 20 e 22%, contra os 10 a 12% verificados na variedade Dura, utilizada atualmente. `Com a agregação da nova área plantada, esperamos sair da produção atual de 15 mil toneladas de óleo por ano para 48 mil toneladas`, calcula Mesquita, que prevê um prazo de oito anos para que os novos plantios atinjam o seu potencial pleno de produção.
Além da parceria firmada com as quatro empresas processadoras de dendê instaladas no estado - Óleo de Dendê (Oldesa), Óleo de Palma (Opalma), Mutupiranga Industrial e Jaguaripe Agroindustrial -, que vão adquirir 150 mil sementes deste primeiro lote, a Seagri pretende atrair novos empresários para o setor. Para isso, aposta em atrativos como a elevação do preço de venda do óleo de dendê no mercado internacional.
Segundo Mesquita, enquanto a cotação média do produto nos últimos 20 anos foi de R$ 365 por tonelada, o valor pago encontra-se atualmente na casa dos R$ 400/t.
Segundo óleo mais produzido no mundo e primeiro em exportação, o óleo de palma, como também é conhecido, movimenta, anualmente, negócios da ordem de US$ 30 bilhões em todo o mundo. A Malásia é o maior produtor mundial, com 3 milhões de hectares plantados e uma produção de 22 milhões de toneladas de óleo por ano. O país não comercializa sementes para o Brasil. Os seis lotes oferecidos pelo governo baiano até o final deste ano foram obtidos em troca por sementes de cacau produzidas pela Ceplac. No Brasil, o único produtor de sementes de dendê é a Embrapa de Manaus, que cobra R$ 1 por unidade.
Mariana Carneiro - Salvador/BA