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BARTER: Vale a pena?

Ferramenta financeira permite que o agricultor faça a compra dos seus insumos utilizando a safra


Foto: Divulgação

O Agrolink entrevistou com exclusividade Henrique Salvador, coordenador de Operações de Barter da Bayer. Ele destacou a importância desse sistema de pagamento de insumos em tempos de turbulência – tais como os vividos atualmente. Explica ainda como ter acesso ao mercado de opções, que pode ser um ganho extra para o produtor. Confira:

Por que as compras com fechamento antecipado são uma estratégia importante para o agricultor?

Henrique Salvador – Em um cenário de instabilidade, principalmente em relação à economia, o fechamento antecipado da compra de insumos agrícolas e do custo de produção ajuda o produtor rural a se proteger contra as oscilações de câmbio e mercado, permitindo uma melhor gestão dos custos e condução da lavoura e, consequentemente, da rentabilidade. Esse é um dos benefícios oferecidos em uma negociação operada em Barter.

O que é Barter e como pode ser usado na compra de insumos?

Henrique Salvador – O Barter é uma modalidade de negociação baseada em permuta (troca), que permite ao agricultor utilizar sua moeda (produção/commodity) para suas negociações, como por exemplo, na compra de insumos Bayer. Em linhas gerais, envolve três parceiros comerciais: o produtor rural, os fornecedores de insumos e maquinários e as empresas que negociam ou utilizam produtos agrícolas na sua atividade como, por exemplo, uma trading. Uma importante função da operação é a mitigação de risco para a cadeia como um todo, pois o produtor não corre o risco de precisar comercializar o seu produto abaixo do custo de produção (risco de mercado). Com o produtor menos exposto, consequentemente, o fornecedor e comprador também se beneficiam e toda a cadeia sai ganhando – isso é um exemplo da sustentabilidade que a modalidade proporciona para o produtor e à toda a cadeia.

Em uma perspectiva prática, essa ferramenta financeira permite que o agricultor faça a compra dos seus insumos utilizando a safra que colheu (barter disponível) ou que irá colher (barter futuro) utilizando sua moeda (commodity) como meio de pagamento e usando uma “Cédula do Produtor Rural” como garantia. É nesse contrato que o agricultor se compromete a pagar a conta com parte da sua próxima colheita.

Consequentemente, o agricultor também tem um melhor gerenciamento na armazenagem dos grãos, uma vez que parte da colheita já foi vendida e tem local de entrega estabelecido.

Como vem sendo a adesão a esse sistema na Bayer nessa temporada?

Henrique Salvador – No Brasil cerca de 20 a 25% das negociações de defensivos da safra passada foram em Barter. A Bayer segue em ritmo acelerado, levando ao produtor rural soluções para diferentes momentos da safra, aliadas a uma ferramenta de negociação estratégica para cenários desafiadores como o que estamos atravessando.

Em tempos de Dólar em alta expressiva, mas preço alto da soja e demanda aquecida, que outras alternativas podem ser usadas pelo agricultor?

Henrique Salvador – Na modalidade de Barter, o produtor aproveita o bom momento para venda futura de sua produção e ainda pode ter acesso ao mercado de opções, que lhe dá a oportunidade de aproveitar as oscilações de mercado para complementar seu resultado, seja movimentos de queda (seguro de baixa) ou de alta (benefício de alta). Com um pequeno investimento do produtor, ele pode ter acesso a grandes resultados, sem correr risco, pois sua produção já está travada.

O mais importante é o produtor saber que grande parte dos insumos tem ligação direta com o dólar e o mesmo movimento de alta do dólar que aumenta o valor do grão (conta exportação), aumenta também o valor dos insumos. Quem ainda não fez suas compras em barter, corre o risco de comprar com preço mais alto e vender sua produção por um valor mais baixo – impactando sua paridade e rentabilidade.

Como projeta a expansão do uso do Barter no médio e longo prazo no Brasil?

Henrique Salvador – Olhando para o cenário econômico volátil que temos no país hoje, a Bayer prevê um aumento de 5 a 10% no Barter ainda neste ano, com um grande potencial de crescimento no mercado da soja. Com o aumento da profissionalização no campo, melhor gerenciamento dos custos e implementação de estratégias de comercialização da produção, o produtor vai ser capaz de pensar seu custo na moeda dele, a produção. Consequentemente, a demanda dos produtores pelo barter vai aumentar, já vemos esse movimento nos produtores mais atentos ao gerenciamento de custos e comercializações, é uma questão de tempo para que todos vejam os benefícios das ferramentas.

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