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BB aumenta oferta em 30%

Banco do Brasil assumiu compromisso de disponibilizar pelo menos R$ 2 bi para a nova temporada agropecuária de MT


O Banco do Brasil anunciou ontem, em Cuiabá, que vai assegurar pelo menos R$ 2,04 bilhões para a safra 09/10 de Mato Grosso. O volume afiançado por meio de um protocolo de intenções assinado entre a diretoria da instituição e o governador em exercício, Silval Barbosa, revela incremento de 30% sobre os R$ 1,56 bilhão aplicado no ciclo 08/09 no Estado. A evolução percentual do montante anunciado é o maior das últimas cinco safras e segundo a diretoria do Banco põe fim o ao período de crise vivido pela atividade mato-grossense.

Como garantiram o diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz e o superintendente estadual, Tarcísio Hubner, "serão pelo menos R$ 2 bilhões, se houver demanda para além disso, o Banco está autorizado a suplementar esta necessidade". Os recursos que já estão disponíveis nas agências do Banco em Mato Grosso desde o último dia 2, serão para o financiamento da agricultura familiar – cerca de R$ 250 milhões – e da agricultura empresarial – R$ 1,75 bilhão – mas modalidades de custeio, investimentos e comercialização. A maior demanda por recursos acaba sendo direcionada para aplicações em custeio, que segundo Hubner, deverá atingir cerca de R$ 1,2 bilhão dos R$ 2 bilhões assegurados.

Hubner lembra que mesmo antes do anúncio do Plano Agrícola e Pecuário da safra 09/10, o Banco já havia iniciado as operações de pré-custeio - uma antecipação ao produtor para aquisição de insumos, como sementes e fertilizantes -, que já somam R$ 210 milhões, volume 40% acima do contratado em igual período do ano passado.

ACESSO - Questionado sobre o acesso ao crédito por parte dos produtores mato-grossenses, o superintendente explicou que em relação à inadimplência, o Banco em todo o país está revendo o risco cadastral de 94 mil produtores e que em Mato Grosso, 7 mil estão sendo revistos e que desse universo, mil produtores já estão reabilitados à tomada de novos financiamentos. "Isso, quer dizer, que a revisão traz novamente para a safra R$ 350 milhões, somente com estes mil produtores. O Banco continua reavaliando riscos e estamos abertos às negociações". Como lembra Hubner, a taxa de inadimplência que chegou a 7% e 8% no Estado nas últimas safras – após a crise de renda iniciada no segundo semestre de 2004 – percentual considerado alto, hoje se acomoda em 1%, índice considerado aceitável para o mercado. "E temos certeza que vamos reduzir ainda mais esse percentual".

Sobre os critérios para reestruturação cadastral dos produtores, Vaz informou que o BB segue as regras determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que recentemente, autorizou a revisão.

FAMATO – Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Otoni Prado, o incremento da oferta de recursos e o fato de o BB ter assumido este compromisso com Mato Grosso, por meio do protocolo de intenções, "é um avanço, pois, afinal, os recursos vindos do Banco são os mais atrativos que existem – juros controlados em média a 6,75% ao ano -, mas é preciso que o dinheiro chegue ao produtor. O ideal seria o Banco assegurar os R$ 12 bilhões necessários ao custeio das nossas principais safras (soja, milho e algodão) na nova temporada. Mas, o a garantia de mais recursos em um ano de restrição de crédito, é uma medida louvável". Prado lembra, que os problemas existem, como falta de logística, alto custo de produção e endividamento, porém, "há seis meses, tínhamos um cenário nebuloso, após a crise mundial, que nos permitia enxergar o futuro e naquele momento acreditávamos que não haveria crédito disponível e que não haveria plantio".

APROSOJA – Um pouco mais cética na avaliação do anúncio, Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), faz as contas e revela que a participação de recursos públicos na safra estadual será reduzida em dois pontos percentuais, apesar da confirmação de volumes globais para Mato Grosso 30% maiores. "É sempre bom ouvir a divulgação de aumento de recursos para a safra, mas os valores disponibilizados inicialmente ficarão aquém da necessidade para fazer o próximo plantio em Mato Grosso", afirmou o diretor executivo Marcelo Duarte Monteiro.

Monteiro lembra que, mais uma vez, o produtor terá que recorrer a outras fontes de financiamentos, que vão continuar bancando a maior parte dos recursos da safra. "Do total previsto para a agricultura empresarial, cerca de R$ 1 bilhão vai para o custeio da safra, sendo que apenas a soja precisará de R$ 7,2 bilhões para ser cultivada em Mato Grosso na nova temporada".

Como explica a entidade, o valor previsto para custeio (R$ 1 bilhão), se fosse aplicado somente para o plantio da soja, o que não é o caso, e supondo que todos os sojicultores tivessem acesso aos recursos, responderá por 11,78% dos R$ 7,2 bilhões necessários.

"Mato Grosso passou o Paraná na produção de grãos no atual ciclo (08/09), mas continuará recebendo menos recursos que o estado do sul do país, cuja destinação de recursos oficiais para a safra oscila entre R$ 12 bilhões e R$ 14 bilhões só para o custeio", adverte.

Na divisão dos R$ 7, 2 bilhões para a safra 09/10 de soja, a previsão é que R$ 4,32 bilhões deverão vir das tradings, revendas, agroquímicos e do sistema financeiro, com participação de 60%, igual a da safra anterior. Outros R$ 2,448 bilhões sairão do próprio bolso do produtor e corresponderão a 34% ante 31% do ano passado. Já o crédito oficial deverá ficar com apenas 6%, uma queda de dois pontos percentuais em relação à safra 2008/2009. "Enquanto os juros oficiais ficam em torno de 6,75% ao ano, nas tradings, por exemplo, os juros, além de dolarizados, ficam em cerca de 10%. Esperamos que no futuro breve, a matriz de financiamento do produtor mato-grossense, possa ser revertida, porque se não for, jamais conseguiremos ser competitivos junto aos outros estados, como também, ao mundo", frisa Monteiro.

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