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Brachiária reduz temperatura de solo na acerola

Ao usar técnica, produtor rural relata aumento de 30% na produção


Foto: Pixabay

Pequena, vermelha e rica em vitamina C a acerola também ganhou espaço no Brasil. O país é atualmente o maior produtor, exportador e consumidor. A maior produção está no Nordeste, com liderança de Pernambuco. Parte da produção brasileira é exportada para Europa, Estados Unidos e Japão, na forma de frutos ou polpa congelada e suco integral. Entretanto, o consumo nacional é crescente, trazendo boas expectativas ao mercado interno dessa fruta.

A safra da acerola ocorre de outubro a abril e durante esse período é possível colher frutos por até 30 vezes na mesma planta. Isso porque a colheita ocorre de forma seletiva, já que nem todas as pequenas esferas alaranjadas amadurecem de uma vez. Em São Paulo estudos buscam melhorar a fertilidade do solo e reduzir a temperatura dos pomares, junto com a redução de pragas e doenças como os nematoides.

O trabalho ocorre na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), unidade de Adamantina. Experimentos utilizam Braquiária ruziziensis nas entrelinhas dos pés da fruta. A palhada melhorou as condições de cultivo, sem impactar de forma negativa a qualidade dos frutos.

"Em médio e longo prazo, esse capim inserido no sistema de produção de acerola pode aprofundar o enraizamento das plantas frutíferas, favorecer o uso racional da água, melhorar a eficiência de fertilizantes, bem como diminuir a incidência de plantas invasoras como capim-amargoso, além de pragas e doenças do solo. De acordo com observações a campo e a literatura, é possível, com o uso da braquiária, reduzir em até 30% os custos de produção", afirma o pesquisador, Maurício Dominguez Nasser.

Esse tipo de manejo incentiva também o uso de novas tecnologias como  a roçadeira tipo ecológica, que se acopla ao trator e já está disponível na citricultura e cafeicultura, porém é pouco utilizado pelos produtores rurais da região da Alta Paulista que trabalham com frutíferas ou outras culturas permanentes. “A roçadeira ecológica é interessante no cultivo da acerola porque realiza a roçada ou corte da forrageira instalada na entrelinha do pomar e distribui de maneira uniforme o material roçado para a linha de plantio, posicionando a palhada praticamente embaixo da planta de acerola", explica Nasser.

A região da Alta Paulista é considerada bastante quente, com temperatura ambiente média de 24 ºC, podendo chegar a até 41 ºC. As altas temperaturas do ar influenciam diretamente na temperatura do solo, e acima de 32 ºC no solo, por exemplo, pode impedir as plantas de absorver água e nutrientes do solo. “Por isso, o uso da palhada é bastante interessante, principalmente, na nossa região, já que a palha consegue reduzir a temperatura do solo em média 3 ºC a 3 cm de profundidade, e local com muitas raízes ativas", afirma.

O produtor rural Fernando Mauro Montagnoli cultiva dois mil pés de acerola no município de Irapuru, no interior paulista. Em setembro de 2019, ele implementou em sua propriedade a pesquisa propagada pela APTA e, desde então, tem colhido os frutos da adoção da tecnologia.

Antes do uso da braquiária, Montagnoli utilizava herbicidas para acabar com o mato na plantação. O problema é que ele utilizava os produtos em época inadequada, como na florada, o que impactava na sua produção. "Não sabia que o herbicida poderia prejudicar a florada e, consequentemente, a produção. Desde que comecei a usar a técnica propagada pela APTA Regional, aumentei em 30%, em média, a produtividade do meu pomar", conta.

Além do aumento da produção, Montagnoli relata a diminuição dos custos, já que reduziu o uso de herbicidas e inseticidas. "Reduzi em cerca de R$ 500 os custos na aplicação de defensivos por florada por hectare. Como tenho cerca de seis floradas por safra, a redução chega a R$ 3 mil por hectare", calcula o agricultor, que também relata a diminuição de 3 ºC na sua plantação.

A região da Alta Paulista congrega boas condições para o cultivo da acerola, como as altas temperaturas e radiação solar. "A produção paulista de acerola é predominante nessa região. A cultura é uma ótima opção para os pequenos agricultores, sendo uma forma de diversificação dentro das propriedades rurais. Sem a necessidade de muitos tratos culturais, os produtores conseguem colher até 30 toneladas por hectare", afirma Nasser.
 

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