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Brasil deve retomar negociações com EUA

O país vai reiniciar as negociações para exportação de carne in natura


O Brasil prepara-se para reiniciar em 2007 as negociações com os Estados Unidos para exportação de carne in natura. "Minha expectativa é recomeçar as tratativas com os EUA, Taiwan e Coréia do Sul, que permanecem fechados ao Brasil e que têm acordos especiais com a Austrália", informou a este jornal o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Marcos Vinícius Pratini de Moraes.

Para Pratini, os países emergentes comandam o crescimento do mercado internacional e o Brasil está sendo beneficiado porque tem minerais, minério de ferro, soja e carne. "Entre 2005 e 2010 haverá aumento de 25 milhões de toneladas no consumo de carnes no mundo, chegando a 275 milhões de toneladas, diz ex-ministro da Agricultura da gestão FHC. Daquele total, 10 milhões de toneladas são de carne bovina.

"Somos o maior exportador de carne bovina do mundo, exportamos mais carne que Austrália, Argentina, Uruguai e Paraguai juntos. Neste ano, vamos ultrapassar a Austrália em renda. É uma nova colocação: crescemos porque os nossos mercados crescem", salienta.

Citando estudos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), Pratini de Moraes disse que em 2030 o consumo de carne no mundo ficará ao redor de 370 a 380 milhões de toneladas, e que o aumento virá dos países em desenvolvimento. "Os países emergentes estão crescendo, o que significa aumento de renda e emprego. E qual é a primeira coisa que acontece quando melhora a renda? Melhora a comida", afirma Pratini. "E o bife é o símbolo da melhoria das condições de alimentação".

Para o ex-ministro, o maior desafio para o Brasil é sanidade animal e vegetal. Para ele, o protecionismo mundial passou a ser sanitário. "Lembram-se da vaca louca? Agora é a aftosa", destaca. "Os Estados Unidos contestam até hoje o nosso programa de combate à febre aftosa pela zonificação. Houve algumas falhas, como em Mato Grosso do Sul, mas é só deixar a área atingida de fora que atende as exigências".

"O uso da aftosa não tem consistência. É uma doença de sentido econômico. Toda carne exportada é desossada e maturada, o vírus não sobrevive", explica. "Quando for autorizada a importação de carne fresca, o estado mais beneficiado será o Rio Grande do Sul. E por que não abriram até agora? Protecionismo. O lobby dos pecuaristas americanos é muito forte. Eles não querem a concorrência brasileira", diz Pratini.

Pratini de Moraes lamentou a existência de "muitos brasileiros que acreditam nos estrangeiros". E continuou: "Estrangeiro falou, está certo. Isso é um defeito. Sugiro que ouçam mais os brasileiros e menos os estrangeiros. Tem umas Ongs que denunciam criações no Amazonas. Mas quem é maluco de criar boi na Amazônia"?

Pratini ressalta que o Brasil é a última reserva agrícola no mundo. "Temos que administrar isso com competência". O País utiliza 0,5% do seu potencial territorial. "Nós temos quase 400 milhões de hectares para plantar (de um total 851 milhões), não usamos nem a metade".

Citando o potencial de áreas cultiváveis em diferentes nações do planeta, o ex-ministro disse que na União Européia há pouca terra, na Índia, não existe mais terra, os EUA têm terra, mas não têm água; a Austrália também. "O mundo precisa de nós para comer. Temos de defender este extraordinário mercado e vender mais e melhor", conta, lamentando apenas que o Brasil não sabe fazer marketing.

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