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Brasil importa menos fertilizante neste ano

Um possível fator de influência para uma importação nessa ordem pode ter sido o cenário de incertezas


Foto: Eliza Maliszewski

As importações brasileiras de fertilizantes acumuladas de janeiro e fevereiro foram de 5,3 milhões de toneladas, pouco abaixo do acumulado do ano anterior quando foram importadas 5,7 milhões de toneladas dos produtos. Os dados constam no Boletim Logístico da Conab.

Um possível fator de influência para uma importação nessa ordem pode ter sido o cenário de incertezas em relação ao abastecimento de fertilizantes do principal fornecedor: a Rússia. Neste contexto, no intuito de atender uma demanda de adubo para a cobertura do milho 2ª safra e de algodão, sobretudo no caso de produtores que não conseguiram adquirir de forma antecipada o insumo, houve essa boa movimentação no mercado de fertilizantes, para o período em questão, tanto que o valor médio dos fertilizantes importados em fevereiro/22 foi de US$ 553,64/tonelada, ou seja, US$ 57,00/tonelada a mais que a média de janeiro.

Do total das importações brasileiras de fertilizantes acumuladas até o momento, cerca de 29% adentraram pelos portos do Arco Norte e 30% pelo Porto de Paranaguá, corroborando com o descrito anteriormente, visto que o Arco Norte atende boa parte do Mato Grosso, enquanto Paranaguá atende o estado do Paraná -, dois maiores produtores de milho 2ª safra do país.

Guerra Rússia e Ucrânia – Impactos no agronegócio brasileiro sob a ótica da logística nacional

No último dia 24 de fevereiro, a Rússia ordenou a invasão da Ucrânia, tendo como principal motivo o interesse daquele país em fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, dado que essa aliança militar vem se estendendo pelo Leste Europeu, sendo entendido pelo governo de Vladimir Putin como uma séria ameaça à Rússia, vez que acredita que os Estados Unidos e os demais parceiros estão usando a aliança para cercar o país, já que a OTAN possui atividades militares no Leste Europeu.

Além disso, o governo russo acredita que a Ucrânia, por ter uma grande população de etnia russa, além de vínculos sociais e culturais com a Rússia, pode ser o ponto de partida para o reestabelecimento da zona de influência da antiga União Soviética. Contudo, além dos conflitos geopolíticos, a guerra entre Rússia e Ucrânia vem impactando diversos setores da economia mundial, entre estes as cadeias produtivas do agronegócio.

A Rússia é o quarto maior produtor e segundo maior exportador de trigo no cenário mundial, responsável por 15,75% das exportações mundiais do cereal, junto com a Ucrânia respondem por 25,60% de todas as exportações de trigo. A Ucrânia é o quarto maior exportador de milho, junto com os Estados Unidos, Brasil e Argentina respondem por 86,5% do total de exportação desse grão no mundo.

Segundo a Associação Internacional de Fertilizantes – IFA (sigla em inglês), a Rússia posicionou-se como o segundo maior país exportador de potássio, seguido por Belarus como terceiro, e, também, um forte aliado nessa guerra com a Ucrânia. A produção de fertilizantes na Rússia possui empresas entre as maiores produtoras de fertilizantes mundiais, como a PhosAgro, Uralkali, Acron e a Eurochem (apesar de ter sua base na Suíça possui um número expressivo de minas e indústrias na Rússia). A Rússia também configura como o terceiro maior país produtor de nitrogenados. Outro ponto de destaque é que a Rússia também está entre os maiores produtores de gás natural e petróleo -, o que impacta diretamente nos preços internacionais dos combustíveis.

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