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Brasil mantém TEC e frustra moinhos

Indústria moageira prevê reajuste do preço da farinha e do pão. Consumidor deve pagar a conta


A Câmara de Comércio Exterior (Camex) cedeu à pressão dos triticultores e manteve a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para as importações de trigo de países de fora do Mercosul. As indústrias brasileiras, que pretendiam importar até 3 milhões de toneladas de Canadá e Estados Unidos com alíquota zero, criticaram a decisão do governo federal. Com isso, a tendência é que o consumidor pague a conta.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, o reflexo será o aumento do preço do pão e da farinha de trigo. Os percentuais podem chegar a 18% no pãozinho e 38% na farinha, caso o Ministério da Fazenda não prorrogue a isenção de PIS e Confins para trigo e derivados, estabelecida em 2008, e que vence no dia 30 deste mês.

Para o economista da Fecoagro, Tarcísio Minetto, a decisão foi acertada, pois o país possui estoque suficiente para atender à indústria até a entrada da nova safra, a partir de agosto. "Todos elos da cadeia têm que dar sua dose de sacrifício para manter a produção nacional." Pelos cálculos da Abitrigo, o déficit chega a 1 milhão de toneladas e a maior parte do estoque público de 700 mil toneladas não serve para panificação. Segundo a associação, o produto é adequado apenas para fabricação de massas e biscoitos, que absorvem 43% da matéria-prima.

Apesar da preocupação da área econômica com o preço do produto na cesta básica, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, argumentou que há estoque suficiente para assegurar o abastecimento interno. Ele ainda afirmou que a modificação da TEC poderia reduzir o preço no país, já que os moinhos poderiam fazer estoque. Os triticultores gaúchos comemoraram. A retirada na TEC seria o tiro de misericórdia num momento de preço baixo e lentidão na venda da safra passada. "Se querem importar, que importem, mas com imposto", defendeu o coordenador da Comissão de Trigo da Farsul, Hamilton Jardim. No RS, segundo a Fecoagro, há 600 mil toneladas com produtores e cooperativas e 206 mil em estoques públicos. O presidente da federação, Rui Polidoro Pinto, acrescentou que a mudança seria prejudicial para a implantação da atual safra, que já tem projeção de queda de 17% de área em relação a 2008.

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